O Myanmar sofreu um novo golpe militar nesta segunda-feira, 1. O exército tomou o poder do país do Sudeste Asiático depois de prender pelo menos 30 pessoas que atuam como políticos, ativistas, escritores e artistas. Entre os prisioneiros está o presidente Win Myint, que foi substituído interinamente pelo vice-presidente Myint Swe antes dele conceder o poder ao chefe das Forças Armadas, Min Aung Hlaing. A prisão mais notória, no entanto, foi a da conselheira de estado Aung San Suu Kyi que, além de ser líder da Liga Nacional para a Democracia (LND), venceu o Prêmio Nobel da Paz de 1991 por sua luta contra a ditadura militar que perdurou no Myanmar de 1962 a 2011.
O exército justificou o golpe alegando que houve fraude nas eleições de novembro do ano passado, quando o partido democrático de Aung San Suu Kyi e Win Myint conquistaram 83% dos assentos no Parlamento. Não por coincidência, a casa iniciaria suas atividades com a nova formação nesta segunda-feira, 1. Outras atitudes tomadas pelas Forças Armadas, que pretende ficar no governo por um ano, foram bloquear as estradas ao redor da capital, cortar as linhas de comunicação, fechar o espaço aéreo até 31 de maio e garantir o funcionamento de apenas uma emissora de televisão: a Myawaddy News, que pertence aos militares. A queda nos sistemas também está impedindo a maioria dos bancos de operarem: apenas os que estão ligados ao exército permaneceram abertos.
Apesar das dificuldades de comunicação, a Liga Nacional para a Democracia (LND) conseguiu fazer uma postagem em seu perfil verificado no Facebook pedindo que, em nome de Aung San Suu Kyi, os cidadãos não aceitem o golpe de estado. “As ações dos militares levam o país de volta à ditadura“, afirma. Desde que conquistou a sua independência do Reino Unido em 1948, o Myanmar vivencia um caos político e social. A súbita ausência de um poder centralizado levou a um primeiro golpe militar em 1962 que foi seguido de quase 50 anos de perseguição política e abusos de poder, incluindo assassinatos, torturas, violência sexual, escravidão, trabalho infantil e tráfico humano.
Fonte: Jovem Pan