Autoridades médicas lançaram uma carta pública pedindo a manutenção do atual cronograma do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores, Proconve. O documento, divulgado nesta terça-feira, 15, é endereçado à Presidência da República, aos ministérios da Saúde e Meio Ambiente e ao Conselho Nacional do Meio Ambiente. Os médicos pedem que as montadoras de veículos automotores adotem o Padrão Internacional Euro VI, conjunto de normas para minimizar os poluentes despejados pela frota veicular. O presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia, Frederico Fernandes, lembra que a poluição pode provocar câncer pulmonar, infecções respiratórias e doenças cardíacas. “Uma pesquisa que fizemos anos atrás em guardas de trânsito do município de São Paulo mostra a presença de fatores que levam a variações cardíacas e arritmias. Mesmo em adultos saudáveis, a poluição veicular tem impacto na saúde e pode levar a consequências bastante negativas.”
Estudo publicado por cientistas europeus no Cardiovascular Research mostra que a contaminação do ar é responsável por 50% dos casos de pneumonia em crianças, 24% das mortes por doenças cardíacas e 25% por acidentes vasculares cerebrais. O presidente do Departamento de Toxicologia e Saúde Ambiental da Sociedade Brasileira de Pediatria, Carlos Augusto Mello da Silva, diz que a poluição afeta a saúde física e mental de uma pessoa até os 21 anos. “Então, mesmo adolescente mais ativo, mais forte, o seu sistema nervoso central ainda está se desenvolvendo, ainda estão estabelecendo conexões, estão estabelecendo conexões em áreas importantes, ligadas ao juizo críticio, tomada de decisões. Muito do que se vê da violência urbana pode ser fruto de danos que uma criança sofreu desde a vida uterina até sua fase na adolescencia.” A Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, diz que os efeitos sanitários da pandemia afetaram as atividades de pesquisa e desenvolvimento da associação e que o objetivo da associação é cumprir o que está na resolução proposta pelo Proconve, evitando um impasse em 2022 quando quando as novas regras de emissões devem entrar em vigor.
*Com informações do repórter Victor Moraes