As autoridades da Espanha afirmaram que nesta terça-feira, 18, pelo menos 6 mil migrantes vindos do Marrocos entraram na cidade de Ceuta, um enclave espanhol no lado africano do estreito de Gibraltar. O número foi considerado um recorde diário, sendo que pelo menos uma pessoa morreu durante a travessia. Esses migrantes, entre os quais estão 1.500 menores de idade, chegaram a nado ou a pé sem enfrentarem grande resistência das forças marroquinas, que só mais tarde dispararam gás lacrimogênio para dispersar a multidão que se formou na cidade de Fnideq, do outro lado da fronteira. O Ministério do Interior da Espanha, por sua vez, enviou 200 soldados e 200 policiais para reforçar a sua segurança fronteiriça, que já é composta normalmente por 1.100 homens. O ministro Fernando Grande-Marlaska afirma que 2.700 migrantes já foram enviados de volta ao Marrocos enquanto as negociações das devoluções continuam. Conforme determinam as leis e tratados internacionais, apenas os menores de idade estão sendo protegidos. Fotos do local mostram jovens marroquinos aguardando de pé, ainda dentro d’água, enquanto soldados formam um cordão de isolamento na praia. O primeiro-ministro Pedro Sánchez chegou a cancelar uma viagem à França para concentrar-se em “devolver a normalidade a Ceuta”. Desde as primeiras horas de terça-feira, 18, milhares de pessoas de todo o Marrocos dirigem-se em um fluxo imparável para a fronteira com Ceuta, incluindo idosos e mães com bebês.
Ainda que em menores proporções, um fenômeno semelhante está acontecendo em Melilla, outra cidade autônoma espanhola no norte da África. Ali, outros 300 migrantes tentaram cruzaram a fronteira de forma irregular na terça-feira, 18, sendo que pelo menos 86 conseguiram após ultrapassar a cerca que separa o enclave espanhol do território marroquino. A crise migratória dos últimos dias é inédita na Espanha: o recorde mais recente havia sido no fim de semana de 7 e 8 de novembro, quando 2.200 pessoas entraram nas Ilhas Canárias. A entrada maciça de migrantes em Ceuta acontece em meio a uma tensão diplomática entre a Espanha e o Marrocos pelo Saara Ocidental, antiga colônia espanhola ocupada pelos marroquinos. Ao mesmo tempo, há também uma crise provocada pelo fechamento das fronteiras entre Ceuta e o Marrocos devido à pandemia do novo coronavírus.
Fonte: Jovem Pan