Impeachment de Bolsonaro: ‘Devemos focar na pandemia, não em assuntos laterais’, diz Van Hattem

Deputado Marcel Van Hattem afirmou que é necessário 'ambiente político' para pautar eventual afastamento de Bolsonaro

Em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, nesta segunda-feira, 29, o deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS) analisou a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia do novo coronavírus e afirmou que não é o momento correto para se pensar na eventual abertura de um processo de impeachment. “O que o governo Bolsonaro tem feito hoje em relação ao que prometeu durante a campanha é, em muitos pontos, até contraditório. Por exemplo, na área econômica, ao invés de privatizar e diminuir o Estado, ele criou uma estatal. Já com relação à condução da pandemia, ele também cometeu uma série de erros, que geraram muitos problemas, assim como os governos estaduais e municipais. Alguns destes erros eram previsíveis, outros não tínhamos como imaginar as consequências. A questão do impeachement do presidente da República depende de uma série de fatores para além dos jurídicos. Para embasá-lo, é preciso afirmar que aconteceram crimes de responsabilidade. As pessoas falam que ocorreram crimes, mas não os colocam no papel. Para pautá-lo, seria necessário um ambiente político, mas estamos no meio de uma pandemia. Devemos focar no combate à pandemia, em como sairemos dela, nas vacinas, na prática do distanciamento social e no respeito aos protocolos de saúde – sem exageros, sem acabarmos com a economia”, disse.

Até o momento, existem 74 pedidos de afastamento do presidente protocolados na Câmara dos Deputados. Na última quarta-feira, 24, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL) fez um discurso no plenário para alertar Bolsonaro de que o Congresso pode utilizar “remédios amargos” para impedir “a espiral de erros de avaliação” do governo federal. Sobre a fala de Lira, Van Hattem analisou que os próprios parlamentares estão gerando desgastes para o enfrentamento da pandemia. “Na semana passada, o presidente da Câmara falou sobre os ‘remédios amargos’ e o cansaço com o qual a classe política está levando a pandemia. No entanto, os deputados devem fazer uma enorme mea culpa porque estão gerando este cansaço. Não podemos nos distrair com assuntos laterais que não possuem, neste momento, as fundamentações necessárias, como o impeachment. Estamos nos perdendo muito discutindo temas fora do debate do combate à pandemia. Agora temos todo um país pela frente para ser defendido”, concluiu.


Fonte: Jovem Pan

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