Alexandre Modafares tinha 43 anos, 19 deles dedicados ao sistema penitenciário de São Paulo, quando foi contaminado pela Covid-19 e morreu, deixando a esposa e dois filhos. Hugo Covolan, também servidor desde 1998, foi vitimado pela doença um dia após completar 43 anos, deixando três filhas pequenas. Assim como eles, Alex Rossini, de 44, Miguel Alves Filho, de 55, Maisa Vieira, de 53, morreram pela doença em março, quando pelo menos 24 óbitos de servidores penais foram registrados, valor que equivale a 34% de todas as 70 mortes registradas pela categoria desde o início da pandemia. No mês em que São Paulo bateu recordes diários de óbitos pela doença, as notas de pesar emitidas pelo Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp) foram quase que diárias.
Em um comparativo percentual entre as mortes dentro da categoria e na população do país, é possível ver que, enquanto o Brasil registrou quase 19% de todas as mortes por Covid-19 na pandemia no mês de março, entre os policiais penais, esse número correspondeu a 34% dos óbitos totais nesse mesmo período. A categoria aponta dois fatores como impulsionadores dos casos dentro das unidades prisionais: a baixa qualidade dos equipamentos de segurança distribuídos para os funcionários e a movimentação de presos, advogados e oficiais de justiça entre cadeias, mesmo com a proibição de visitas determinada em liminar no fim de fevereiro. “Existe uma superlotação e a gente precisa muito da máscara N95. O Estado só fornece para nós uma máscara de TNT que são os próprios presos que fabricam. Essa máscara não é legal, inclusive nós temos igual o caso de Araraquara, 140 presos confirmados com Covid. Como o servidor vai entrar lá dentro da unidade prisional com máscara de TNT?”, questiona o presidente do Sifuspesp, Fábio Jabá. Ele lembra que, além das 70 mortes totais e dos casos confirmados, há cerca de 30 servidores internados com Covid-19 em leitos de enfermaria e 14 em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) no Estado.
Fonte: Jovem Pan