Está difícil conter o avanço do golpe que está deixando muita gente no prejuízo. Em meio a pandemia, trabalhadores são vítimas de estelionatários que agem usando aplicativos de entrega. O Departamento Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor traz números que chamam atenção. As reclamações relacionadas a golpes aplicados por entregadores de aplicativos de comida subiram 186% em um ano. De acordo com o diretor executivo do Procon, Fernando Capez, com a pandemia, esse crime cresce a cada dia. “As pessoas começaram a se servir mais esse tipo de modalidade de serviço de entrega, delivery de alimentos, e os golpes começaram a acontecer e estão agora preocupando, porque aumentaram em uma escala muito grande”, conta Capez. O Procon revela também que, do início do ano até agora, a soma dos prejuízos de muitos consumidores chega a quase R$ 500 mil. “O Procon entende que existe uma responsabilidade solidária da empresa em relação entregador. Ainda que se trate de uma startup, de um autônomo, ele integra a mesma cadeia de fornecimento do que a empresa. Então, o Procon responsabiliza a empresa pela obrigação de repor o prejuízo ao consumidor. Nós já recomendamos a esta empresa que não permita realização de compras offline, ou seja, que todas as compras sejam feitas por aplicativos e os pagamentos feitos à distância, digitalmente. Para que não tenha esse contato de entregar o cartão e passar a maquininha do entregador. É ali que está ocorrendo o golpe”, explica.
Mike é autônomo e por muito pouco não caiu nas mãos dos estelionatários. Ele fez um pedido de comida e na hora do pagamento percebeu que se tratava de um golpe. “Ele colocou o meu cartão na maquininha, que eu não enxergava o valor porque a tela estava quebrada. Uma coisa que me chamou atenção é que eles chegaram em dois, o piloto na moto e o garupa. Só que, por uma sorte, quando eu coloquei a senha na maquininha, ela só não tinha final e a transação foi recusada. E o rapaz começou a ficar nervoso. Ele ia até o piloto da moto e voltava. Ele fez isso umas duas vezes. Conversando baixinho com um cara. Quando eu fui digitar a segunda vez, eu me liguei. Eu falei: ‘Opa, por quê?’. Porque esse cara, abaixo dessa maquininha, ele estava com o celular na tela ligado. A minha compra era de R$ 65 e eu vi o valor de R$ 6.500 na máquina dele. Nessa, nesse celular. Quando eu perguntei, ele começou a gaguejar, não sabia o que responder”, detalhou. O especialista em segurança, delegado Mario Palumbo, indica atitudes importantes que podem evitar que o consumidor seja vítima de golpistas. “A pessoa tem que desconfiar. Olhar o visor da maquininha, ver se não está trincado, rachado, ver se você está vendo realmente o valor, se esse pseudo entregador, que na verdade é um bandido, se afastar, não deixa ele levar o seu cartão. Fique atento, porque ele pode trocar o cartão e cometer outros golpes, como clonagem ou fazer saques em nome de outras pessoas”, explica. O delegado destaca também a importância de registrar o boletim de ocorrência para ajudar coibir a prática criminosa. “Este é um crime que, infelizmente, a pena é muito pequena, o que acaba favorecendo esse tipo de delito. Mas, se você sofrer um golpe, procure uma delegacia”, recomenda o delegado. Além da atenção redobrada do consumidor, o Procon realiza reuniões com as empresas de aplicativos de entregas para traçar planos de segurança e preservar os trabalhadores.
Fonte: Jovem Pan