O Partido Socialista Brasileiro (PSB) decidiu desembarcar das conversas para compor uma federação com os partidos de esquerda. Na noite desta quarta-feira, 9, PT, PSB, PV e PCdoB divulgaram uma nota conjunta anunciando o caminho que será seguido pelas legendas. A decisão ocorre após uma reunião entre dirigentes das quatro siglas. Em uma federação, as agremiações ficam unidas por um período de quatro anos em âmbito municipal, estadual e nacional. Apesar da sinalização de que não se aliará aos aliados, os socialistas apoiarão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito presidencial. O PSB, inclusive, deverá fornecer ao petista seu vice na eleição, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.
No comunicado, os partidos afirmam que “têm unidade na construção de uma frente” para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro com o objetivo de “reconstruir o Brasil, unidos na candidatura de Lula”. Em outro trecho, as legendas afirmam que PT, PCdoB e PV decidiram avançar nas negociações para a formação da federação – por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), os partidos terão até o fim de maio para oficializar a união para os próximos quatro anos. “As 4 agremiações, Partido dos Trabalhadores, Partido Socialista Brasileiro, Partido Comunista do Brasil e Partido Verde, tem unidade na construção de uma frente para enfrentar Bolsonaro e reconstruir o Brasil, unidos na candidatura Lula presidente. Estamos convictos que esta decisão é um marco histórico e um passo decisivo para trilharmos a vitória eleitoral nas eleições de 2022, construir uma nova maioria que possa devolver a esperança a nosso povo. Nos últimos meses, o Partido dos Trabalhadores, o Partido Socialista Brasileiro, o Partido Verde e o Partido Comunista do Brasil têm realizado reuniões de trabalho com vistas a construir uma federação. Em resposta ao atual momento político, o PT, o PC do B e o PV decidem caminhar para construir a federação e continuarão dialogando com o PSB em busca de sua participação, bem como o envolvimento de outras legendas do nosso campo”, diz a íntegra da nota.
As tratativas para a formação da federação esbarravam, sobretudo, nas divergências entre PT e PSB. Apesar do apoio à candidatura de Lula, petistas e socialistas não chegaram a um consenso sobre candidaturas em alguns Estados. O principal entrave ocorria em São Paulo, onde o ex-prefeito da capital Fernando Haddad (PT) e o ex-governador Márcio França (PSB) se apresentam como pré-candidatos ao Palácio dos Bandeirantes. No Espírito Santo, os petistas caminhavam para apoiar a reeleição de Renato Casagrande (PSB). A relação entre as duas siglas azedou após o gestor capixaba se reunir com Sergio Moro, presidenciável do Podemos. Lideranças do PT argumentam que, apesar do aceno da cúpula petista, Casagrande nunca deixou claro que apoiaria a postulação de Lula ao Palácio do Planalto. Além das arestas regionais, a composição do órgão que comandará a federação também foi um obstáculo nas negociações – o PSB reivindicava maior participação no comando e alegava que perderia sua autonomia se concordasse com os termos propostos.