O processo de retirada humanitária de civis da cidade de Mariupol, na Ucrânia, foi interrompido pela segunda vez neste domingo, 6, afirmou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Mariupol possui um porto estratégico ucraniano que está cercado pelas tropas russas, e a passagem para saída da população havia sido aberta pelo CICV mais cedo. “Em meio a cenas devastadoras de sofrimento humano em Mariupol, hoje foi interrompida a segunda tentativa de retirar quase 200 mil pessoas da cidade”, afirmou o CICV em um comunicado. Neste sábado, 5, uma tentativa anterior de retirar civis desta cidade de 450 mil habitantes, bombardeada há vários dias pelos russos e seus aliados dos territórios separatistas da região de Donbass, fracassou depois que os dois países trocaram acusações sobre desrespeito aos compromissos assumidos.
Os ucranianos afirmaram que os russos prosseguiram com os ataques enquanto os civis se reuniram para formar um comboio. Os russos acusaram os defensores da cidade de utilizar os civis como “escudos humanos”. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, conversou neste domingo por telefone com Emmanuel Macron, presidente da França, e acusou as autoridades ucranianas de prejudicar as operações humanitárias em Mariupol. Durante a conversa, Putin “chamou a atenção para o fato de que a Ucrânia continua a não respeitar os acordos alcançados sobre questões humanitárias” e acrescentou que os “nacionalistas ucranianos impediram a retirada” de civis de Mariupol e Volnovakha neste sábado, informou o Kremlin. Moscou e Kiev haviam anunciado na manhã do sábado um acordo de cessar-fogo e de criação de corredores humanitários que permitiriam a retirada de civis das duas cidades cercadas pelas tropas russas e seus aliados, mas poucas horas depois trocaram acusações de violação do pacto e a saída de civis foi interrompida pela primeira vez.
Outra grande questão discutida por Macron e Putin, segundo o Kremlin, foi a preocupação internacional com a segurança das instalações nucleares na Ucrânia, após os combates nos últimos dias perto das usinas de Chernobyl e Zaporizhzhia, onde ocorreu um incêndio. Putin acusou “ucranianos radicalizados” e “sabotadores” de provocar os incidentes em Zaporizhzhia, acrescentando que “tentativas de culpar a Rússia por isso fazem parte de uma campanha cínica de propaganda”.
*Com informações da AFP