Sem Minas, RJ e ES, PT diz ser impossível abrir mão da candidatura de Haddad em SP

Fernando Haddad é o pré-candidato do PT ao governo do Estado de São Paulo

O PT e o PSB se tornaram os protagonistas do jogo político eleitoral pelo impasse envolvendo uma possível federação partidária entre as siglas. Nesse tipo de aliança, novidade para o pleito deste ano, as legendas deverão disputar as eleições de 2022 com um único candidato em cada um dos 26 Estados e o Distrito Federal e na corrida pela Presidência da República. Após abrir mão de Pernambuco, onde tinha um candidato mais competitivo, e ceder Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro a aliados, o PT avalia que não é possível abrir mão da postulação de Fernando Haddad ao governo de São Paulo.

“A federação entre PT e PSB envolve o Brasil inteiro. Nós já estamos apoiando o PSB no Pernambuco, onde tínhamos um candidato mais competitivo. Nós tiramos o senador Humberto Costa para que eles [PSB] indicassem o seu candidato a governador. No Maranhão, estamos apoiando o sucessor de Flávio Dino. No Espírito Santo, nós já dissemos ao PSB que se o governador deles apoiar o Lula, nós o apoiamos também. E lá nós também temos um candidato competitivo, que é o senador [Fabiano] Contarato“, explicou à Jovem Pan o deputado federal Paulo Teixeira (PT), secretário-geral do Partido dos Trabalhadores. “No Rio, estamos apoiando o Marcelo Freixo. Não dá para o PT, na região Sudeste, que é uma região muito populosa, não ter nenhum candidato. Nós não podemos não ter candidato nesse terreno tão forte política, eleitoral e populacionalmente”, continuou Teixeira.

O deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) cita dois aspectos que, na avaliação da cúpula do partido, explica por que o PT não pode prescindir da candidatura de Haddad: além dos votos que um candidato petista em São Paulo pode trazer a Lula em nível federal, o número de parlamentares do Estado também é essencial para garantir a governabilidade de um futuro mandato de Lula, assegurando a maioria nas votações no Congresso Nacional. “[São Paulo] Não tem apenas o maior número de população, o que é importante para a eleição presidencial, mas tem também o maior número de deputados. Isso também é importante para garantir uma base parlamentar do futuro governo”, resume. Ademais, os parlamentares petistas não acreditam que Márcio França, o pré-candidato do PSB ao governo de São Paulo, tenha chances reais de vencer seus adversários diretos: Tarcísio de Freitas, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), e Rodrigo Garcia (PSDB), sucessor do atual governador João Doria (PSDB).

“Nós consideramos que o Haddad tem mais força que o Márcio França para disputar e para ganhar. O PT tem uma estrutura maior no estado de São Paulo, tem mais diretórios, tem mais presença, mais deputados estaduais, mais deputados federais. A estrutura para o Haddad é maior que a estrutura para o Márcio. Achamos que ele tem mais condições de fazer a campanha”, aponta Zarattini. Teixeira, por sua vez, lembra que Haddad é mais conhecido nacionalmente por sua candidatura à Presidência da República, em 2018, e por ter exercido o cargo de ministro da Educação nos governos Lula e Dilma.

Caso o PSB aceite retirar a candidatura de França ao Palácio dos Bandeirantes, os socialistas deverão escolher entre a vaga a vice-governador ou a chance de compor a chapa para o Senado. “Se eles escolherem e indicarem um nome para vice ou para o Senado, nos vamos acatar”, garantiu Zarattini. Teixeira defende que o PSB escolha a vaga ao Senado. Para ele, seria melhor para o PT ter um vice-governador do PSOL. Ao ser questionado sobre a possibilidade do vice ser Guilherme Boulos (PSOL), o parlamentar preferiu “não falar em nomes”. “Se tiver um entendimento para que o Haddad seja governador, eu acho que é mais natural oferecer o cargo de senador para o Márcio França. O vice não pode ter o mesmo partido que o senador, porque existem outros partidos apoiando o Haddad. Nós estamos conversando com o PCdoB e com o PSOL. Caso o PSOL venha, eu defendo que ele esteja na chapa”, diz o secretário-geral do PT.

Federação

O impasse sobre as candidaturas nos Estados respingou nas tratativas sobre a formação da federação partidária. No PSB, a aliança com os petistas era uma reivindicação dos deputados federais. Sob reserva, os parlamentares socialistas dizem que o acordo “subiu no telhado”. O diagnóstico pessimista é compartilhado por quadros do PT. Zarattini, por exemplo, avalia que a possibilidade é cada vez mais remota. “No Espírito Santo, por exemplo, o governador, que é do PSB, até agora não manifestou apoio ao Lula. Então é difícil a gente apoiar um candidato não apoie o nosso, não é? No Rio Grande do Sul, o PSB participa do governo do Eduardo Leite e não quer sair do governo, quer ficar. Como é que nós vamos apoiar um candidato que está em um governo do PSDB? Tem essas complicações, que precisam ser resolvidas. A gente precisa limpar essa área”, disse o deputado federal, que acredita que, com a abertura da janela partidária, a relação dentro do próprio PSB pode estremecer se o partido não se decidir em breve sobre a filiação com o PT. “Agora a situação está ficando ruim para o próprio PSB, porque como os deputados da bancada deles estão muito inseguros, pode ser que eles percam muitos deputados agora na janela, porque não sai essa questão da federação”, finalizou. 


Fonte: Jovem Pan

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