Em razão da inclusão do Fundo Eleitoral de R$ 5,7 bilhões na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), aprovada na quinta-feira, 15, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), entrou na mira do presidente Jair Bolsonaro. Nos últimos dias, o chefe do Executivo federal afirmou que o parlamentar, que presidiu a sessão em que a matéria foi aprovada, “atropelou o regimento” da Casa e impediu a votação de um destaque do partido Novo que vetava o chamado Fundão – o que não é verdade – e o chamou de “insignificante” em conversa com apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, na manhã desta segunda-feira, 19. Em entrevista à Jovem Pan, Ramos comentou os ataques feitos por Bolsonaro, que, em sua avaliação, “não tem a mínima noção da grandeza do cargo que ocupa”. “O presidente Bolsonaro não se dá o respeito. Ele não tem a mínima noção da grandeza do cargo que ocupa. Um cargo que exige dele o papel de depositar esperança no coração do brasileiro, não ódio”, disse à reportagem. “O povo espera que ele fale em vacinar a população mais rapidamente, que é contra o roubo de dinheiro na compra de vacina, que vai tomar as providências para aprovar as reformas, a fim de melhorar o ambiente de negócio, gerar emprego e renda. A população quer ouvir do presidente que ele vai reestruturar o programa de transferência de renda, porque as pessoas precisam de trabalho, comida. O ódio não alimenta a barriga de ninguém. O que o povo mais precisa é o que menos o presidente tem para dar”, acrescentou o vice-presidente da Câmara.
Na noite desta segunda, em entrevista à TV Brasil, Bolsonaro afirmou que não irá sancionar o fundo eleitoral. Para o mandatário do país, o valor de R$ 5,7 bilhões é “astronômico”. “É uma cifra enorme, que no meu entender está sendo desperdiçada, caso ela seja sancionada. Posso adiantar para você que não será sancionada”, disse. “O valor é astronômico. Mais R$ 6 bilhões para fazer campanha eleitoral. Imagina na mão do ministro [da Infraestrutura] Tarcísio [de Freitas] o que poderia ser feito com esse dinheiro”, acrescentou, em outro trecho da entrevista. Marcelo Ramos falou à Jovem Pan antes da declaração do presidente à emissora oficial do governo. Para o vice da Câmara, o chefe do Executivo federal não vai vetar o “Fundão”. “Primeiro, eu não parto do pressuposto de que o presidente vai vetar, porque o que ele fala não se escreve. No Fundão passado, ele também atacou o fundão, atacou, atacou e, no final, sancionou. Eu acho que, em qualquer situação, ele vai passar por um constrangimento. Ou com a população, que vai confirmar que a palavra dele não vale nada. Ou constrangimento com a base dele, de quem ele é refém, que não vai se conformar se ele vetar e tiver que analisar e derrubar o veto”, avaliou.
Fonte: Jovem Pan