Na última semana, foi realizado com pompa no Brasil o leilão do 5G, tecnologia que promete melhorar a situação da internet do país. O processo acabou na sexta-feira, 5, e contou com a movimentação de R$ 47,2 bilhões, com ágio de cerca de R$ 5 bilhões e a entrada de seis novas operadoras de telefonia no mercado brasileiro. O valor total ficou abaixo do esperado pelo Ministério das Comunicações, mas Fábio Faria, chefe da pasta, disse que o resultado “superou as expectativas”. “A Anatel já fez o leilão do 3G, do 4G e a privatização da Telebras. Juntando todas essas, não deu o valor do leilão do 5G. É o maior da história da América Latina e o segundo maior leilão da história do Brasil”, celebrou o ministro. Ao todo, 15 empresas participaram, sendo que seis entraram pela primeira vez no mercado: Winity, Brisanet, Cloud2U, Consórcio 5G Sul, Flylink e Neko. Os lotes de 26 GHz, uma das faixas consideradas “puras”, em que um dos compromissos será levar internet a escolas públicas de educação básica, foram os que menos atraíram o interesse das operadoras. Os editais para o leilão desses lotes devem ser reeditados.
Apesar dos investimentos terem sido feitos neste ano — e o primeiro lote de implantação do 5G estar previsto para 2022 —, os efeitos mais visíveis devem vir de médio a longo prazo. Para Luciano Carstens, gerente da área de eletrônica do centro de ciência e tecnologia Lactec, o impacto imediato será visto na queda de latência (o atraso após uma solicitação na web) e no fortalecimento da Internet das Coisas, que permitirá, no futuro, o surgimento de cidades inteligentes. “No curto prazo, o que poderemos notar é que, nas capitais, o primeiro lote de implantação da tecnologia 5G, com cronograma previsto para julho de 2022, teremos uma menor latência, que significa uma resposta mais rápida a comandos, ou seja, uma comunicação e transmissão das informações em tempo real. Outro ponto que deve acontecer à medida que a tecnologia se expande é viabilização de serviços para cidades inteligentes, que envolvem aplicações integradas com Internet das Coisas, conhecida como IOT. Elas melhoram o monitoramento de tráfego, viabilizando aplicações de segurança e outras questões que exigem agilidade e dinamismo muito frequente nas grandes cidades”, analisou Luciano.
Ao comentar sobre os impactos a longo prazo, Luciano diz que “o céu é o limite” e cita exemplos do que a tecnologia poderá permitir no país. “Transmissões em tempo real de eventos, sem aqueles atrasos nos sinais ou congelamento de imagens que às vezes ocorrem no celular, com as tecnologias atuais 3G ou 4G; viabilizará um aumento de produtividade, aprimorando a agricultura de precisão, melhorando a gestão no campo, o monitoramento e automação; apoio para cirurgias teleassistidas e até robotizadas, com cirurgiões distantes dos pacientes”, enumerou. Entretanto, para que isso vire realidade, o poder público deverá se preparar para receber a tecnologia de maneira adequada. “As cidades precisam que seus planos diretores e de urbanismo sejam atualizados com o tempo, de forma que estejam aptas a ordenar e receber estas novas tecnologias, que irão revolucionar nossa maneira de viver em alguns anos”, pontuou Luciano.
Fonte: Jovem Pan