Nos arredores do estádio Allianz Parque, na Zona Oeste da capital paulista, milhares de torcedores acompanhavam a partida final do Mundial de Clubes entre Palmeiras e Chelsea neste sábado, 12. A confusão começou logo após o fim do jogo. Houve tumulto e correria. A Polícia Militar interveio com bombas de efeito moral. O torcedor Dante Luiz, de 42 anos, foi socorrido pelo SAMU com um tiro no abdômen. Ele não resistiu e morreu. Segundo o delegado César Saad, que está à frente das investigações, o agente de segurança de escolta penitenciária José Ribeiro Apóstolo Júnior, autor do tiro, relatou em depoimento que se envolveu em uma discussão com torcedores por ter sido confundido com um bandido, já que na região uma quadrilha furtava celulares, e que atirou porque se sentiu ameaçado. “Ele alega que duvidaram dele ser palmeirense ou não. Esse primeiro torcedor e um segundo que aparece depois nas imagens vão atrás dele. É óbvio que por ele estar com uma arma de fogo na mão, nem todo mundo tem a coragem de rendê-lo, mas esses dois torcedores voltam a persegui-lo e um deles é atingido quando ele vira para trás e faz o disparo”, detalha Saad.
Por ser um agente do Estado, José Ribeiro tem posse de arma, ou seja, ele pode andar armado. Exames toxicológicos serão feitos para saber se o agente tinha ingerido bebida alcoólica. A polícia segue ouvindo mais testemunhas. José Ribeiro Apóstolo foi preso em flagrante por homicídio doloso qualificado por motivo fútil. Depois de olhar muitas imagens, a polícia diz que não é possível dizer se ele agiu em legítima defesa. O delegado afirma que José Ribeiro não tinha relação com a torcida organizada de qualquer time. É descartada a hipótese de que o homicídio tenha a ver com brigas dentro da mancha alviverde. “Nada tem a ver com briga de torcida, com uma possível rivalidade ou qualquer outra coisa de dissidência ou de outra torcida organizada que tenha feito uma emboscada ou qualquer coisa desse tipo”, afirmou o delegado. Outras brigas registradas na confusão estão sendo analisadas. Caso a polícia encontre alguma relação com a torcida organizada do Palmeiras, a Federação Paulista de Futebol e o Ministério Público serão informados. Um dos diretores da marcha alviverde, Isidório Lopreto disse que Dante integrava a torcida organizada. Ele garantiu de diversas reuniões foram feitas com os órgãos de segurança pública e condenou a violência. “A gente passa uma ideologia, uma postura, para que não haja isso. Você perder vida por causa de futebol, isso não existe mais”, defende Lopreto. O autor do disparo que matou o torcedor irá passar por audiência de custódia ainda neste domingo, 13.
*Com informações da repórter Carolina Abelin