No último dia de depoimentos da quarta semana de trabalhos, a CPI da Covid-19 ouve, nesta quinta-feira, 27, o diretor-presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas. O requerimento de convocação é de autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), suplente da comissão. Os senadores vão questioná-lo sobre a produção da CoronaVac, imunizante que tem sido aplicado nos brasileiros desde o dia 17 de janeiro, os atrasos na distribuição da vacina e as negociações com o governo federal. As tratativas do órgão com o Ministério da Saúde já haviam sido tema da oitiva do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que falou aos parlamentares na semana passada.
No dia 20 de outubro do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou um protocolo de intenção de compra de 46 milhões de doses da CoronaVac. No dia seguinte, porém, o presidente Jair Bolsonaro desautorizou Pazuello publicamente. “Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade”, disse o chefe do Executivo federal em uma agenda no interior de São Paulo. Bolsonaro também ressaltou que nada seria dispendido para comprar “uma vacina chinesa que parece que nenhum país do mundo está interessado nela”. Acompanhe a cobertura ao vivo da Jovem Pan:
11:50 – Depoimento do senhor é ‘demolidor’, diz Simone Tebet
Líder da bancada feminina, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse que o depoimento de Dimas Covas é “demolidor” em relação a provas de que houve negligência na distribuição de vacinas no Brasil. “Pelas respostas que o senhor já deu, o Butantan não somente está nos salvando contra os males da pandemia, mas demonstra e responde, claramente, às omissões do governo, ao negacionismo do governo”, afirmou. “O depoimento de Vossa Excelência é demolidor. Quando o Butantan reapresentou a oferta de 100 milhões de doses, nossos parceiros já haviam afirmado compromissos com outros países em relação aos insumos. Não há insumo porque o Butantan alertou: se não contratar, vamos ter problemas na produção das vacinas”, acrescentou a emedebista.
11:33 – Tratamentos para contratação das vacinas ocorreram de forma diferente, diz Dimas Covas
O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) questionou se era “possível avançar” na negociação com o Instituto Butantan em agosto de 2020. “Sem dúvida nenhuma. O documento de intenção teria mudado o curso da negociação”, disse Dimas Covas. “A única diferença é que AstraZeneca foi contratada em agosto, no mesmo patamar [pelo governo federal]. Não existia informações em relação à vacina [da AstraZeneca]. Os tratamentos ocorreram de forma diferente. Uma foi contratada, houve recurso. Pedimos contratações nos mesmos moldes. Houve, aí, duas formas de entender as vacinas: em uma delas, houve contrato feito, inclusive, através de medida provisória, e a outra, de outro instituto tão importante quanto a Fiocruz, que não foi feito na mesma oportunidade”, explicou o diretor do Butantan.
11:21 – Dimas Covas: Brasil pode ter 40 milhões de doses da ButanVac no último trimestre de 2021
Dimas Covas afirmou que, se tudo ocorrer da maneira planejada pelo Instituto Butantan, o Brasil pode ter 40 milhões de doses da ButanVac, a vacina desenvolvida pelo Brasil, no último trimestre de 2021. “Acredito que vamos ter uma boa surpresa no último trimestre desse ano”, disse.
11:17 – ‘Governo coloca quase R$ 2 bilhões em vacina não aprovada pela Anvisa, mas não coloca um real em uma vacina chinesa’, ironiza Omar Aziz
Diante da afirmação de que o governo federal não financiou o desenvolvimento da CoronaVac, mas despendeu quase R$ 2 bilhões para a compra da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19, o presidente da CPI, Omar Aziz, ironizou a postura do governo Bolsonaro: “Quer dizer, o governo coloca quase 2 bilhões em uma vacina que ainda não estava aprovada pela Anvisa, mas não coloca um real porque era uma vacina chinesa, que, hoje, graças à Coronavac, milhões de brasileiros estão sendo vacinados”.
11:12 – Ataques à China dificultam importação de matéria-prima para produção de vacinas, diz Dimas Covas
O senador Renan Calheiros perguntou se o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo atrapalhou as negociações com a China. Dimas Covas não respondeu diretamente se sim ou não, mas destacou que houve uma “manifestação de descontentamento” do embaixador da China no Brasil. Segundo o diretor do Instituto Butantan, os ataques ao país asiático dificultam a importação da matéria-prima necessária para a produção de vacinas. Por isso, destacou Covas, houve mudanças no cronograma de entrega de doses da CoronaVac.
10:58 – Declaração de Dimas Covas contraria versão apresentada por Pazuello à CPI
Em seu depoimento à CPI, na semana passada, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou que as declarações do presidente Jair Bolsonaro não tiveram impacto na negociação do Ministério da Saúde com o Instituto Butantan. Na sessão desta quinta-feira, porém, Dimas Covas, diretor da instituição, disse que a crítica de Bolsonaro à Coronavac, em outubro, suspendeu as negociações com o ministério da saúde
10:50 – Omar Aziz ironiza: ‘É simples assim, doutor Covas: um manda, o outro obedece e não compra vacina’
Diante dos questionamentos do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre os motivos que levaram à suspensão das negociações entre o Instituto Butantan e o governo Bolsonaro, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), ironizou: “É simples assim, doutor Covas: um manda, o outro obedece e não compra vacina”. Antes disso, Renan reproduziu declarações do presidente Jair Bolsonaro e do ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde nas quais eles afirmam que a União não tinha interesse em adquirir “a vacina chinesa”.
10:42 – ‘Houve descompasso de entendimento da importância da vacina’, diz Dimas Covas
O senador Renan Calheiros perguntou a Dimas Covas por que o governo Bolsonaro não aceitou as propostas feitas pelo Instituto Butantan em julho e outubro de 2020. “É uma boa pergunta, senador”, respondeu. “Houve um descompasso de entendimento da importância da vacina naquele momento, dentro do próprio contexto da pandemia. [Acredito que havia] Dúvida em relação à vacina e à importância da vacina naquele momento. Nós, por outro lado, tínhamos certeza da necessidade da vacina”, acrescentou.
10:38 – Desinformação nas redes sociais atrapalhou realização de estudo clínico da CoronaVac
Dimas Covas afirmou à CPI da Covid-19 que a desinformação nas redes sociais dificultou a realização de estudos clínicos para o desenvolvimento da CoronaVac. O diretor do Instituto Butantan disse que, de forma equivocada, pessoas passaram a questionar eficácia da vacina contra o novo coronavírus.
10:20 – Dimas Covas: ‘O Brasil poderia ter sido o primeiro país a iniciar a vacinação’
Dimas Covas afirmou, há pouco, que “o Brasil poderia ter sido o primeiro país a iniciar a vacinação” contra a Covid-19 no mundo. Isto porque a primeira oferta de vacinas foi feita ao governo Bolsonaro em julho de 2020 – a proposta foi ignorada pelo Ministério da Saúde. “Em dezembro de 2020, tínhamos 5,5 milhões de doses prontas em estoque. O mundo começou a vacinar em dezembro. O Brasil poderia ter sido o primeiro país a iniciar a vacinação”, explicou.
10:14 – Pazuello convidou Dimas Covas para anunciar CoronaVac no dia 20 de outubro
Dimas Covas afirmou aos senadores que foi convidado pelo então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para anunciar a CoronaVac como “vacina do Brasil” no dia 20 de outubro, em evento no Palácio do Planalto. O diretor do Instituto Butantan disse que houve uma “inflexão” na postura do Ministério da Saúde após uma declaração do presidente Jair Bolsonaro. “Houve uma manifestação do presidente da República dizendo que a vacina não seria incorporada, de que não haveria o progresso desse processo [de negociação]”, explicou.
10:08 – Oferta de 100 milhões de doses foi feita em outubro, diz Dimas Covas
Apesar da falta de resposta do governo Bolsonaro, o Instituto Butantan fez um segundo ofício ao Ministério da Saúde. Desta vez, foram ofertadas 100 milhões de doses no dia 7 de outubro. De acordo com Dimas Covas, 45 milhões de doses seriam produzidas até dezembro de 2020, 15 milhões até o final de fevereiro e 40 milhões adicionais até maio de 2021.
10:05 – Primeira oferta da CoronaVac foi feita em julho de 2020, diz Dimas Covas
Dimas Covas, disse, em sua exposição inicial, que o Instituto Butantan fez a primeira oferta de CoronaVac ao governo do presidente Jair Bolsonaro no dia 30 julho de 2020. De acordo com o diretor do órgão, seriam entregues 60 milhões de doses no último trimestre daquele ano. A proposta, contudo, foi ignorada.”Como não houve resposta efetiva, reforçamos o ofício e solicitamos apoio financeiro ao Ministério da Saúde para apoiar o estudo clínico”, afirmou.
09:54 – Omar Aziz abre a sessão
O presidente da CPI da Covid-19, Omar Aziz (PSD-AM), deu início aos trabalhos desta quinta-feira, 27. Será ouvido o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.