O ex-assessor da Presidência da República, Arthur Weintraub, segue na mira dos integrantes da CPI da Covid-19 por supostamente liderar um “gabinete paralelo” da Saúde. Os senadores investigam a possível formação de um grupo de especialistas que teriam aconselhado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a condução da pandemia, abastecendo o chefe do Executivo com informações sobre o “tratamento precoce” da doença. Cientificamente, não há evidências que comprovem a eficácia deste tratamento feito com remédios como cloroquina. Em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, nesta quinta-feira, 10, Arthur negou a existência do gabinete e saiu em defesa dos medicamentos que compõem o chamado “kit Covid”.
“Não entrei para o governo durante a pandemia, fui nomeado assessor especial em 2019. Assim que a Covid chegou ao Brasil, em março de 2o20, meu irmão Abraham Weintraub nos trouxe a informação de que milhões de brasileiros poderiam morrer devido à doença. Diante do cenário, tentamos fazer algo. Como pesquisador, acho inaceitável ouvir que não existe nenhum tratamento para o vírus ou o Ministério da Saúde aconselhando cidadãos a procurarem os hospitais apenas quando a doença tivesse evoluído. Por isso, comecei a estudar. Não sou médico, mas consigo ler um artigo científico de medicina e compreender a metodologia, os resultados. Nestas pesquisas, entrei em contato com médicos que atuavam na linha de frente e passaram a me enviar informações sobre medicamentos que poderiam ser eficazes contra a Covid-19″, disse. O atual secretário de Segurança Multidimensional da Organização dos Estados Americanos afirmou que estes médicos relatavam experiências de sucesso no uso da hidroxicloroquina aliada a outros remédios para combater o vírus. Além do fármaco, que ganhou popularidade por ser amplamente difundido por Bolsonaro, Weintraub esclareceu que recebia ainda informações sobre a possível eficácia da ivermectina, da azitromicina e da vitamina D.
Questionado pela bancada do programa se mantém o apoio ao uso da cloroquina, Arthur reiterou que segue com a mesma opinião de quando integrou o governo. “É inaceitável ver um monte de gente morrendo e ouvir que nada pode ser feito. Por isso que, pessoalmente, mantenho o posicionamento científico que adotei na época. Entendo que existem estudos apontando resultados positivos do remédio e outros apontando resultados negativos. Defendo que receitar ou não a cloroquina é uma escolha individual do médico e de seu paciente.” Por fim, ele reforçou que está sendo atacado na CPI por ter exercido seu papel como assessor, repassando informações médicas a Bolsonaro. “Até setembro de 2020, quando deixei o país, eu entreguei todos os estudos dos médicos ao presidente. Dizia: ‘Presidente, existe um possível tratamento precoce para a Covid-19. Sua eficácia não está comprovada porque não houve tempo suficiente de fazer estudos longos’. Fiz de tudo para auxiliar o governo e exerci meu papel como assessor ao repassar informações, positivas e negativas, a Bolsonaro. Ele pegava estas informações e atuava como entendia melhor”, concluiu.
Confira na íntegra a entrevista com Arthur Weintraub:
Fonte: Jovem Pan