Bolsonaro tira foco do importante no controle da pandemia ao citar remédio sem comprovação, diz infectologista

Médica afirmou que apenas coquetel de anticorpos foi aprovado pela Anvisa até o momento

A médica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Raquel Stucchi, conversou com o Jornal da Manhã, da Jovem Pan, neste domingo, 18, sobre as falas de Jair Bolsonaro citando medicamentos contra a Covid-19. Em conversa com a imprensa na saída de um hospital em São Paulo, o presidente disse que pedirá ao Ministério da Saúde um estudo sobre a efetividade da proxalutamida contra a doença. Segundo ela, se o remédio tivesse comprovação científica ele já estaria sendo utilizado. “Mais uma vez é um desvio de foco do que é importante para o controle da pandemia. Temos estudos iniciais sem nenhum dado ainda que nos dê esperança de que ele possa ter alguma ação no combate da Covid, mesmo nos casos leves”, afirmou. Segundo Stucchi, até o momento, o que se tem de mais “avançado” em relação a um possível tratamento precoce da doença são os anticorpos monoclonais, que tiveram permissão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para serem utilizados ainda no início da infecção, mas ainda não são distribuídos no Sistema Único de Saúde.

“Todas essas outras medicações nós ainda não temos dados, então a gente precisa esperar, nós devemos conviver com a Covid por décadas, possivelmente, então temos que aguardar que estudos sejam desenhados, estudos bem feitos”, apontou. Ela confirmou, ainda, dados do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos citados por Bolsonaro que diziam que pessoas obesas eram mais propensas a ter casos graves da Covid. Apesar da atenção dobrada da equipe médica aos que têm comorbidades, a médica reforçou o fato de que pessoas jovens e que não têm problemas de saúde anteriores também são vulneráveis à doença.


Fonte: Jovem Pan

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