Contratação de mulheres para cargos de alto escalão cresce após empresa não revelar gênero dos candidatos

De acordo com os dados da última PNAD Contínua, realizada pelo IBGE, cerca de 9,3 milhões de mulheres estão à frente de negócios no Brasil

Daniela Lacerda, de 29 anos, atua no setor varejista alimentício na Bahia. A empreendedora foi reconhecida como a mulher mais jovem do segmento. CEO da rede Corujão, em Feira de Santana, Dani relata os desafios de caminhar na contramão de um mercado majoritariamente masculino. “Em uma negociação, a pessoa me questionava o tempo todo, perguntava do meu esposo, como se a minha figura fosse insuficiente para não fechar aquela negociação — sendo que sempre fui eu que fiz a parte comercial da empresa. Eu senti, no outro, um olhar machista, sabe?” Especializada na seleção de profissionais para vagas de presidentes, conselheiros e cargos para o alto escalão, a empresa americana de headhunters, Signium, com atuação no Brasil, diz que a contratação de executivas mulheres cresceu, entre seus clientes, mais de 50% nos últimos 12 meses em postos com remuneração anual de R$ 500 mil a R$ 1 milhão.

A mudança ocorreu depois que a empresa decidiu abolir as informações pessoais dos candidatos, como por exemplo: idade, gênero e estado civil na apresentação aos contratantes. O empreendedorismo feminino tem sido um importante aliado na luta das mulheres por igualdade social e por mais espaços no mercado de trabalho. De acordo com os dados da última PNAD Contínua, realizada pelo IBGE, cerca de 9,3 milhões de mulheres estão à frente de negócios no Brasil. A empresária do mercado de influenciadores digitais Nicole Pappon, de apenas 23 anos, é uma delas. “E, hoje, a gente está com 12 funcionárias mulheres, tenho muito orgulho de falar isso. Não foi nada planejado. No começo não imaginei, acabou acontecendo e no final fez sentido para mim. A gente é um time de mulheres novas, eu brinco, de meninas, porque a mais velha tem 26 anos. E é bem gostoso ter um ambiente em que todos tem a transparência, a liberdade de se expor, de comentar, de trazer, de adicionar.”

A presidente do Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura, Ana Claudia Badra Cotait, acredita que a desvantagem entre homens e mulheres no mercado de trabalho só se acentuou com a pandemia. “A mulher que sofre violência emocional em casa, violência física. Uma mulher que está na rua, morando na rua. Se ela for chamada a um empreendedorismo, fizer um trabalho com isso fortemente, é tentar fortalecer essa mulher para ela poder entrar no mercado de trabalho e montar seu próprio negócio, mostrar a força que ela tem através do trabalho dela.” Apenas em 2020, o número de micro e pequenas empresas abertas por mulheres foi 40% superior ao mesmo período do ano anterior, de acordo com pesquisas realizadas pelo Sebrae São Paulo.

*Com informações da repórter Caterina Achutti 


Fonte: Jovem Pan

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