Um estudo conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que é mais comum crianças adquirirem o coronavírus de adultos do que o transmitirem. O levantamento, que foi realizado em parceria com a Universidade da Califórnia e com a London School of Hygiene and Tropical Medicine, envolveu 667 participantes em 259 domicílios na comunidade de Manguinhos, no Rio de Janeiro, no período de maio a setembro de 2020. Os resultados do estudo mostraram que a infecção pelo SARS-CoV-2 foi mais frequente em bebês com menos de um ano de idade e entre crianças na faixa de 11 a 13 anos. Todas haviam tido contato com um adulto ou adolescente com sinais recentes de Covid-19. Por meio de análises, os pesquisadores da Fiocruz concluíram que as crianças incluídas na pesquisa não parecem ser a fonte da infecção do coronavírus.
A pesquisa atribui a alta proporção de crianças com menos de um ano infectadas pelo vírus ao contado direto com as mães. “A menos que essas crianças fossem portadoras do SARS-CoV-2 por um longo período, nossos resultados são compatíveis com a hipótese de que elas se infectam por contatos domiciliares, principalmente com seus pais ao invés de transmitir para eles”, diz o artigo. O período de realização do estudo coincide com o fechamento das escolas, o que fortalece a hipótese de que os pais, que continuaram trabalhando fora de casa, continuamente expostos nos transportes e locais de trabalho, foram os propagadores da doença. Os autores lembram que, como crianças, em geral, são pouco sintomáticas e tendem a seguir menos os protocolos de higiene e de distanciamento social, acreditava-se que elas poderiam ser uma fonte de transmissão, o que motivou muitos países a fecharem as escolas. “Nossas descobertas sugerem que em cenários como o estudado, escolas e creches poderiam potencialmente reabrir se medidas de segurança contra a Covid-19 fossem tomadas e os profissionais adequadamente imunizados”, afirma o texto.
Fonte: Jovem Pan