Dono da Precisa se cala em depoimento, mas admite conhecer Ricardo Barros

Amparado por decisão do STF, Francisco Maximiano se recusou a responder a maioria das perguntas da CPI da Covid-19

O dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, se calou em boa parte de seu depoimento à CPI da Covid-19, mas, em uma das poucas perguntas respondidas, admitiu conhecer o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), que se tornou investigado pela comissão. Amparado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe garantiu o direito ao silêncio para não se incriminar, Max, como é conhecido, pouco falou sobre os detalhes do processo de compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin – ele se negou, inclusive, a responder aos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Marcos Rogério (DEM-RO) se havia um contrato firmado entre a Precisa e a Bharat Biotech, fabricante do imunizante indiano.

No início da sessão, a CPI ameçou o depoente de prisão. Após ficar em silêncio na maioria dos questionamentos, os senadores passaram a debater o alcance do habeas corpus concedido pelo STF. A ministra Rosa Weber afirmou que Maximiano poderia ficar calado quando entendesse que a pergunta poderia incriminá-lo. Entretanto, o presidente da Corte, Luiz Fux, assentou em um embargo de declaração apresentado pela comissão quando uma diretora da Precisa depôs que caberia aos parlamentares avaliar se havia abuso do direito ao silêncio. Nesta quinta-feira, Randolfe chegou a propor que a oitiva fosse suspensa para que o Supremo pudesse se manifestar. “Segue as perguntas e se algum senador entender que está criando obstáculo efetivo avisa e parte para aquilo que a gente já fez na CPI”, disse Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

Respondendo a um questionamento do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da comissão, Francisco Maximiano admitiu conhecer o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros. Ele também reconheceu que a emenda apresentada pelo parlamentar do Centrão à Medida Provisória que flexibilizava as regras para a compra de vacinas era de interesse da Precisa Medicamentos, mas negou que tenha feito lobby junto ao ex-ministro da Saúde. “Não houve nenhum contato com o deputado Ricardo Barros para fazer essa inclusão”, disse ao emedebista.


Fonte: Jovem Pan

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