Em meio à saída de secretários da Economia e ameaça ao teto de gastos, Congresso vê Guedes ‘perdido’

Busca por recursos para financiar aumento do Auxílio Brasil, programa social que vai substituir o Bolsa Família, causou debandada na equipe econômica

O Congresso Nacional não perdoou o bate-cabeça do governo federal em busca de uma fonte de recursos para financiar um aumento temporário do Auxílio Brasil e garantir o pagamento de pelo menos R$ 400 até o fim de 2022. Na terça-feira, 19, o Palácio do Planalto recuou e adiou a apresentação do programa social que irá substituir o Bolsa Família, após o dólar alcançar a cotação de R$ 5,61 durante o dia e o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, cair mais de 3,8% diante do temor de que o teto de gastos pudesse ser “furado”. Para parlamentares de partidos que dão sustentação ao governo do presidente Jair Bolsonaro, este é mais um caso que mostra que o ministro da Economia, Paulo Guedes, está “perdido” e “sem um plano de ação”.

“O Paulo Guedes é o Olavo de Carvalho da Economia. Ele não tem plano de voo. Por isso, é normal que batam cabeça sempre que tenham um problema para resolver”, disse à Jovem Pan o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM). “O governo não está perdido na economia. O governo nasceu perdido na área econômica. Antes da pandemia, o dólar já beirava os cinco reais. O Paulo Guedes nunca teve um plano, uma diretriz. A reforma tributária fatiada não resolvia o problema e esse é só um exemplo. Ele não tem plano”, afirmou à reportagem o deputado federal Fausto Pinato (PP-SP). “O desgoverno Bolsonaro mais uma vez trata de forma eleitoreira o desespero dos brasileiros que estão passando fome. A suspensão do lançamento do Auxílio Brasil, faltando 30 minutos para o evento, é a prova de que o presidente não tem proposta concreta para socorrer quem mais precisa”, escreveu em seu perfil no Twitter o deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), líder da minoria na Câmara.

Na quarta-feira, 20, Guedes admitiu pela primeira vez a necessidade de driblar o teto de gastos para poder entregar o que o presidente Jair Bolsonaro determinou. O governo aposta em um programa social “turbinado” para reverter a queda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro que tem sido atestada pelas pesquisas. “Seria uma antecipação da revisão do teto de gastos que está (prevista) para 2026 ou se, ao contrário, mantém (o teto), mas por outro lado pede um ‘waiver’, pede uma licença para gastar essa camada temporária de proteção”, afirmou o ministro. Nesta quinta, em evento no Estado de Pernambuco, o chefe do Executivo federal afirmou que “ninguém está furando o teto, não”. Mesmo assim, o dólar fechou o dia com alta de 1,92%, a R$ 5,668, o maior valor desde 14 de abril, quando foi a R$ 5,670, e o Ibovespa com queda de 2,75%, aos 107.735 pontos.


Fonte: Jovem Pan

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