Empresa testa ‘supertermômetro’ para detectar casos de Covid-19

'Supertermômetro' é usado para detectar casos de Covid-19 em Paraisópolis

Uma empresa iniciou testes de um “supertermômetro” para detectar casos de Covid-19 na comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, em parceria com o G10 Favelas. O equipamento, criado por médicos, é um totem digital que capta a imagem térmica de uma pessoa, ou seja, as alterações fisiológicas que o vírus causa na face. Serão aplicados cinco mil exames na comunidade, sendo que cerca de mil já foram feitos desde o dia 10 deste mês. Em seguida, é feito o tradicional teste RT-PCR para comparação. Segundo Alexandre Aldred, médico e CEO da Predikta, o resultado sai em poucos segundos, semelhante a uma fotografia. “A ideia é ter o resultado muito próximo de um PCR, com um método muito mais rápido. Sem contato, sem invadir e dá para fazer todo dia. É como se a gente estivesse fazendo um ‘PCR digital'”, explica Aldred. O equipamento já foi testado em outros locais, como o Hospital Universitário da USP e a cidade de Ilhabela, no litoral de São Paulo.

O médico afirma que Paraisópolis foi escolhida por causa da vulnerabilidade dos moradores da comunidade, que têm dificuldades em adotar o isolamento social e o trabalho remoto. Segundo o CEO, o teste com o “supertermômetro” tem eficácia de 80% quando comparado ao RT-PCR. Os primeiros a participar dos exames foram os membros da equipe do G10 Favelas e os presidentes de rua, que fazem o monitoramento dos casos de Covid-19 na comunidade e ajudam na distribuição de marmitas, máscaras e atendimento médico. O objetivo é identificar pessoas assintomáticas. “Estamos testando os presidentes. A partir do resultado, testamos os familiares, pessoas próximas e temos um mapa em que a gente sabe onde está tendo mais casos”, explica Gilson Rodrigues, presidente do G10 Favelas e da União de Moradores de Paraisópolis. 

Gilson afirma que, com o mapeamento, é possível intensificar as ações de prevenção do vírus em áreas da favela onde há mais casos. “Se a pessoa souber que está com Covid, podemos isolá-la com rapidez e criar um processo de prevenção com distribuição de máscaras, álcool em gel e luvas nessas regiões, o que contribui concretamente para a diminuição de casos”, diz. “O teste é mais um sinal para que a gente possa alertar a população que já está exposta. Na prática, Paraisópolis e outras favelas pelo Brasil não fazem isolamento, porque é impossível, visto que nós já vivemos aglomerados. Não fazemos home office, a maioria trabalha nos serviços essenciais, que tem lotado ônibus e metrôs todos os dias. Então, fazendo o teste, conseguimos monitorar essas famílias”, defende. O “supertermômetro” já está em processo de validação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o objetivo, segundo o CEO da Predikta, é expandir o uso do equipamento para outros locais. “É ciência aplicada na prática em menos de um ano. A nossa ideia é tentar ajudar na solução da pandemia e trazer uma camada de segurança a mais”, afirma. 


Fonte: Jovem Pan

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