O depoimento mais aguardado da CPI da Covid-19 vai ocorrer de uma maneira diferente. Na noite desta sexta-feira, 14, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) e concedeu ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello o direito de permanecer em silêncio sempre que entender que as perguntas feitas a ele possam incriminá-lo. No recurso, a AGU argumentou que a oitiva poderia antecipar “um juízo de valor sobre a culpabilidade” do general nas ações de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus no período em que esteve à frente do Ministério da Saúde – dos quatro nomes que comandaram a pasta desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro, o oficial do Exército foi o mais longevo. A petição à Suprema Corte foi uma das manobras utilizadas pelo governo federal na tentativa de conter eventuais danos que a ida de Pazuello à comissão poderia causar.
A oitiva de Pazuello estava inicialmente marcada para o dia 5 de maio. Um dia antes, porém, o Comando do Exército enviou um comunicado à cúpula da CPI solicitando a dispensa do general – o ex-ministro da Saúde alegou ter tido contato com dois assessores infectados com o novo coronavírus. A justificativa não foi bem recebida pelos integrantes da comissão, porque, dois dias depois, o jornal “O Estado de S. Paulo” revelou que o general recebeu a visita do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, responsável pela articulação da estratégia do governo na CPI, no período em que deveria cumprir quarentena. À época, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) sugeriu que Pazuello fosse alvo de uma condução coercitiva para depor, mas a medida foi descartada pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Fonte: Jovem Pan