No começo da madrugada desta quinta-feira, 24, a Rússia começou uma operação militar dentro do território da Ucrânia. Desde o anúncio do início da operação até o momento, dezenas de militares ucranianos morreram em ataques realizados em diversas regiões. Também existe a confirmação de ao menos 10 civis mortos durante os ataques. Diversas cidades importantes, como Odessa, Donestk e a capital Kiev já foram alvo de ataques ao longo do dia. A situação gerou manifestações de diversos líderes mundiais, que prometeram sanções e respostas ao governo russo após a decisão de Putin. A Otan, por sua vez, afirmou que não tem planos para enviar tropas para território ucraniano. Leandro Consentino, cientista político e professor do Insper, alerta para o risco de uma subida de tom e que o Ocidente precisa desenhar um plano para conter Moscou evitando uma escalada bélica.
“A grande questão é saber que medidas serão tomadas. Por enquanto, estava sendo tratado no âmbito de sanções econômicas. O tom subiu, do ponto de vista da declaração do presidente americano Joe Biden, mas não sabemos até que ponto isso pode levar a um revide militar, dado que os Estados Unidos e a Rússia possuem arsenais nucleares, e isso costuma fazer com que essas potências não se enfrentem diretamente. Precisamos saber que tipo de retaliações estariam sendo desenhadas para conter Moscou neste momento. […] É possível enviar tropas para a Ucrânia ou para fazer frente à Rússia? É. Mas uma escalada bélica entre as nações conduziria a um cenário apocalíptico”, explicou o cientista político.
O professor também analisou a decisão de Putin, afirmando que, ao autorizar a operação militar, o presidente russo cometeu uma “violação de soberania”, o que deixa o território ucraniano vulnerável e coloca autoridades em alerta. Por outro lado, Consentino diz que, pela parte da Rússia, criou-se uma animosidade “sem precedentes” desde o fim da Guerra Fria. “Primeiro você tem uma violação de soberania de um Estado, isso deixa a Ucrânia bastante vulnerável deste ponto de vista e deixa os governantes bastante preocupados com a situação. Porque uma vez que você viola a soberania de um país, você sabe onde começa mas não sabe onde termina. Coloca o país em estado de alerta. Do ponto de vista da Rússia, gera uma animosidade sem precedentes com o Ocidente. Desde a Guerra Fria a gente não via uma animosidade tão forte entre o Ocidente e a Rússia. Esse ataque vai aprofundar essa animosidade, que pode ter consequências do ponto de vista de algum tipo de retaliação por parte de países ocidentais, o que deixa a Rússia isolada nesse campo geopolítico”, explicou o cientista.