Ex-presidente do IBGE diz que cancelamento do Censo 2021 é ‘uma catástrofe que pode ser comparada à pandemia’

Paulo Rabello de Castro foi presidente do IBGE entre julho de 2016 e junho de 2017

O ex-presidente do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE) Paulo Rabello de Castro afirmou neste sábado, 24, que o cancelamento do Censo Demográfico em 2021 é uma catástrofe que pode ser comparada à pandemia da Covid-19. “Ao mesmo tempo que esse terrível vírus ceifa vidas e ceifa também uma parte do PIB, a ausência de estatísticas liquida as políticas públicas e ainda liquida, a mais longo prazo, a própria democracia”, disse em entrevista ao Jornal da Manhã. “Muita gente não percebe, mas é a contagem da população por município, por Estado, que qualifica a quantidade de representantes nas câmaras municipais, nas assembleias legislativas e no Congresso Nacional. Ela estabiliza as participações de acordo com o tamanho das respectivas populações. E não é só isso. O Censo Demográfico também revela a qualidade das habitações, as taxas de emprego ou desemprego da população, as características dos domicílios e das famílias, pautando todas as políticas públicas”, complementa. Para Rabello, foi uma “ignorância” do Congresso permitir que o Ministério da Economia corte o gasto do Censo do Orçamento de 2021. “É o único gasto que, junto com a vacina, é absolutamente essencial nesse ano de 2021”, afirmou.

O ex-presidente do IBGE ainda apontou que a realização da pesquisa empregaria mais de 200 mil pessoas, em geral jovens que teriam no IBGE a sua primeira oportunidade de emprego. O economista lembra que estão sendo gastos R$ 22 bilhões apenas com o auxílio. “Os R$ 2 bilhões de gastos do Censo se somariam como parte do auxílio emergencial, porque os licenciadores vão utilizar esses recursos para o seu sustento”, explica. Em sua perspectiva, a decisão de não realizar o Censo 2021 é inconstitucional. “Vai haver uma enxurrada de constatações judiciais e, provavelmente, o governo vai a título de indenização a Estados e municípios os mais de R$ 2 bilhões que seriam gastos inicialmente. É o Brasil jogando dinheiro fora”, aponta.


Fonte: Jovem Pan

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