Doze estados e o Distrito Federal apresentam tendência de crescimento no número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave, o que pode indicar uma piora da pandemia da Covid-19. Outros 13 estados tendem a estacionar em patamares de infecção alto e só Roraima deve apresentar queda nos números. A conclusão é do boletim do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz divulgado nesta sexta-feira. Segundo a Fiocruz, todas as regiões apresentam indicadores preocupantes, principalmente, os estados da região Sul e Centro-Oeste. Cerca de 96% dos casos da síndrome são causados pelo coronavírus. Segundo o pesquisador e coordenador do estudo, Carlos Machado, a maioria dos estados têm ocupação de leitos de UTI em níveis críticos, iguais ou superiores a 80%.
“A gente vê claramente que houve uma piora. A gente está em uma situação intermediária entre o final de fevereiro e início de março. Tivemos o primeiro mapa que apontou quase o país inteiro em uma situação em vermelho. Não temos o país todo nessa situação, mas temos a maior parte dos Estados e capitais. E alguns com taxas de ocupação 90% ou acima.” O documento ainda alerta para o risco do coronavírus entre gestantes e puérperas. Em especial, entre aquelas que estão em torno de 33 semanas de gestação. Esse período é quando a doença pode evoluir para formas graves, com descompensação respiratória e em muitos casos há necessidade de antecipar o parto. O Brasil já figura com uma taxa de letalidade de 7,2% entre grávidas em decorrência da Covid-19, o que representa mais que o dobro da atual taxa de letalidade pela doença no país, que é de 2,8%. Carlos Machado destaca que, diante da proximidade do inverno, a pandemia pode se intensificar ainda mais.
“A gente não tem trabalhado com a ideia de terceira onda. Não que ela esteja descartada, mas a gente não sabe o que vai acontecer. A gente sabe que se as prefeituras e Estados afrouxarem determinadas medidas, certamente nós teremos um acrescimento acelerado de casos. A gente foi evoluindo muito rapidamente de 200 para 300 mil, de 300 para 400 mil em um período muito curto.” O pesquisador da Fiocruz reforça que afrouxar as medidas de quarentena agora é uma atitude muito arriscada. “Todo esse quadro contribui para que as medidas sejam adotadas, por vezes tardiamente, e flexibilizadas precocemente, E que a gente tenha uma situação das medidas parcialmente adotadas, porque elas são adotadas muito tarde felxibilizadas muito cedo.” Com quase 38 mil novos casos registrados da doença em apenas 24 horas, o Brasil já ultrapassou a marca de 16,8 milhões de infectados. Ao todo, 470.842 vidas foram interrompidas por complicações do coronavírus desde o início da pandemia. Quinze milhões de brasileiros estão curados.
Fonte: Jovem Pan