Neste domingo, 12, será realizada a última corrida da Fórmula 1 em 2021, uma das temporadas mais emocionantes dos últimos 50 anos. O GP de Abu Dhabi irá definir o campeão: Lewis Hamilton (Mercedes) e Max Verstappen (Red Bull) estão empatados com 369,5 pontos, e quem chegar em primeiro levará o caneco. O fato não é novo. Em 1974, Emerson Fittipaldi e Clay Regazzoni também entraram na última prova do ano empatados em pontos. O brasileiro da McLaren foi quem se consagrou campeão. Na briga entre Max e Lewis, quem ganhou foi o automobilismo. O jovem holandês de 24 anos liderou o ranking de pilotos por mais da metade da temporada, mas viu o heptacampeão fazer apresentações incríveis e igualar a pontuação.
A direção perigosa da dupla é um ponto que causa tensão para a corrida. Depois de protagonizarem alguns enroscos, batidas e troca de acusações durante os GPs, a FIA alertou na quinta-feira, 9, que irá punir qualquer atitude antidesportiva em Abu Dhabi. O recado da federação vale para Hamilton, mas foi claramente endereçado a Verstappen, punido cinco vezes durante a última prova, na Arábia Saudita. Além disso, uma grave colisão beneficiaria o piloto da Red Bull, à frente do inglês nos critérios de desempate. “Como piloto, você não pensa nessas coisas. Você vai para um fim de semana no qual quer apenas fazer o melhor que puder”, disse Max. “Eu, honestamente, não gasto energia com isso. Estou aqui para fazer o melhor trabalho que eu puder”, acrescentou Hamilton. “Nunca pensamos que poderíamos estar cabeça a cabeça na última corrida. Melhor gastar energia nisso.”
A acirrada briga pelo título criou uma rivalidade que há tempos a Fórmula 1 não via. Em entrevista ao Canal+, o francês Alain Prost disse que, ao assistir o GP da Arábia Saudita, se lembrou de suas disputas com o brasileiro Ayrton Senna. “Queria deixar uma mensagem para o Ayrton. Eu diria: ‘Veja, Ayrton, éramos apenas uns meninos comparado a isso’. Uma coisa absolutamente incrível está acontecendo”, declarou o tetracampeão mundial. Durante toda a temporada, Hamilton e Verstappen colidiram quatro vezes (duas de maneira grave). “Eu evitei colisões em tantas ocasiões com esse cara, não sei o que se passa em sua cabeça”, disse o inglês, após a última prova. Já o holandês afirma que mudou sua opinião sobre o rival após a briga pelo caneco em 2021: “Muito, na verdade. E não de modo positivo”.
A última bandeira quadriculada do ano poderá definir duas coisas: o começo de uma nova era na modalidade, com Verstappen corado o melhor piloto do mundo pela primeira vez em sua carreira, ou a consolidação de Hamilton como o maior de todos os tempos da Fórmula 1. Um inédito título evidenciaria que o arrojado e promissor holandês é forte candidato a comandante da próxima dinastia do automobilismo. Após estrear em 2015 pela Toro Rosso — e tornar-se o piloto mais jovem a correr na F-1, com 17 anos e 166 dias —, ele mostrou rápida evolução, mudou-se para a Red Bull no ano seguinte e só ficou atrás dos carros da Mercedes nos dois últimos anos. Além de realizar seu sonho, o filho do ex-piloto Jos Verstappen pretende evitar que Hamilton leve o oitavo troféu de campeão para casa e se isole como o maior vencedor de todos os tempos. Hoje, o inglês divide essa honraria com a lenda alemã Michael Schumacher, ambos com sete títulos.
Fonte: Jovem Pan