O Instituto Butantan entregou na manhã desta quinta-feira, 6, um lote de 1 milhão de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde. O instituto, porém, teme ficar sem insumos para novas doses do imunizante por conta das falas recentes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na manhã de quarta-feira, 5, em um discurso em Brasília, Bolsonaro insinuou que o coronavírus teria sido criado em laboratório e sugeriu que um país se beneficiou economicamente da pandemia. Apesar de não citar a China, a declaração foi vista como uma crítica ao país.”É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano [que] ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?”, questionou. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), durante a entrega do novo lote, admitiu que as últimas falas de Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, geraram um profundo mal-estar entre Brasil e o chanceler da China, Yang Wanming.
“Eu quero registrar como governador do Estado de São Paulo o meu protesto por essas sucessivas manifestações agressivas e absolutamente desnecessárias ao governo do China e à produção das vacinas. São colocações que em nada contribuem para a evolução e a normalidade da entrega de IFA’s para a produção da CoronaVac. Tenho certeza que isso também tem influência na entrega de insumos para a produção da vacina da AstraZeneca para a Fiocruz”, afirmou Doria. O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que as previsões de chegada de matéria-prima estão diminuindo desde quarta. A expectativa era de que mais 6 mil litros de insumos chegassem no dia 10 de maio. Com a fala de Bolsonaro, serão entregues apenas 3 mil litros de insumo no dia 13 de maio. Além do lote desta quinta-feira, serão entregues mais 3 milhões de doses direto para o Programa Nacional de Imunizações (PNI). E, com isso, o contrato de 46 milhões de doses com o Sistema Único de Saúde será finalizado. O problema é que para começar o segundo contrato de 54 milhões de doses, o Butantan depende da chegada de Ingredientes Farmacêuticos Ativos (IFA).
*Com informações da repórter Beatriz Manfredini
Fonte: Jovem Pan