O deputado Luis Miranda já chamou atenção ao chegar ao Senado, na sexta-feira, 25, com um colete à prova de balas, dizendo que só se sentiria protegido ao entrar no plenário da CPI da Covid-19. Logo no começo do depoimento, Luis Miranda e o irmão, o servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, assumiram o compromisso falar a verdade. Os dois apresentaram uma cronologia de todos os fatos relacionados a denúncia de supostas irregularidades na compra da Covaxin junto a Bharat Biotech, que teve como intermediária a Precisa Medicamentos. De acordo com o deputado, após o irmão detectar a suposta irregularidade e relatar pressões pela aprovação do negócio, ele falou com o presidente Jair Bolsonaro. “Eu levei para a pessoa certa, na minha opinião, que deveria dar o devido provimento ao assunto, que é o Presidente da República. Presidente, esse que não nega, e é impossível negar, que nós tivemos com ele. Nos recebeu em um sábado, por que eu aleguei a urgência era ‘urgente, urgentíssima’ devido a gravidade das informações trazidas pelo meu irmão a minha pessoa. Presidente entendeu a gravidade, olhando os meus olhos ele falou: ‘Isso é grave’. Eu não me recordo do nome do parlamentar, mas ele até citou um nome pra mim dizendo: ‘Isso é coisa de fulano’. Não me recordo. Ele falou: ‘Vou acionar o DG da Polícia Federal, que de fato isso é muito grave, está ocorrendo'”, afirmou o parlamentar.
Apesar da insistência dos senadores, Luis Miranda reiterou não se recordar de qual parlamentar teria sido citado por Bolsonaro. Apenas disse que era um membro da base do governo. Após a fala inicial do deputado, o relator, Renan Calheiros, começou a fazer perguntas aos depoentes. O servidor Luís Ricardo Miranda disse que o ministro Onyx Lorenzoni mentiu na última quinta-feira, 24, ao negar todas as acusações. Quando Luís Miranda falava sobre a nota fiscal que teria sido emitida à Madison Biotech, que supostamente seria uma empresa de fachada, começou o primeiro bate-boca com líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB). Irritado, Luís Miranda ameaçou deixar a sessão. “Eu não vou aceitar ninguém levantar aqui. Eu não precisava jurar falar a verdade, tão pouco o meu irmão, nós fomos convidados. Se for o caso, nós levantamos e vamos embora. E os senhores continuem defendendo o errado”, justificou. Luis Miranda disse que após o contato inicial com o presidente Jair Bolsonaro, chegou a comentar sobre o caso com o deputado Eduardo Bolsonaro, no plenário da Câmara. E enviou ao filho do presidente o contato dele e do irmão. O deputado ainda relata o contato teve por mensagem com um ajudante de obras do presidente Jair Bolsonaro. “Boa tarde, Vinícius, avisa o presidente que está rolando um esquema de corrupção pesado na aquisição de vacinas e no Ministério da Saúde. Tenho as provas e as testemunhas”, relatou Miranda. “Não esquece de avisar o presidente, depois não quero ninguém dizendo que eu implodi a República.”
Fonte: Jovem Pan