No Maranhão, homem diz que teve atendimento negado duas vezes e precisou se desengasgar sozinho

Comerciante narra que se desengasgou sozinho no banheiro de uma unidade mista de saúde

Um habitual jantar em família se transformou em uma odisseia angustiante na busca por atendimento hospitalar na cidade de São Luís do Maranhão no último sábado, 17. O comerciante Altamir Rosa, de 53 anos, comia quando se engasgou com um pedaço de carne e ficou com dificuldades de respirar. Angustiado, decidiu procurar atendimento na Unidade de Pronto Atendimento do bairro dos Vinhais e narra ter recebido uma negativa antes mesmo de ser atendido por um médico. “Cheguei e falei com uma moça que fica na mesa do atendimento e aí ela me falou que só poderia atender pessoas com Covid. Eu questionei: ‘Como assim só com Covid? Eu estou aqui engasgado, não tem ninguém aí para tirar esse pedaço de carne? Ela disse ‘Não, senhor, aqui não pode. Só atendemos com Covid’. Eu indaguei a ela mais uma vez ainda, disse: ‘Mas vem cá, mesmo a pessoa estando engasgada ela vai morrer aqui e vocês não vão atender?’ E ela me respondeu que não, que não podia me atender porque é exclusivamente com Covid. Neste meio tempo, eu fui saindo, agoniado, desesperado’, recorda. Segundo o comerciante, a atendente da UPA disse que ele deveria seguir para a Unidade Mista do Bequimão, da rede municipal de São Luís, localizado a 3,5 quilômetros do local no qual estava, para receber o atendimento adequado.

Altamir seguiu até o outro hospital. Chegando nele, debilitado e com dificuldade de respirar, ficou sentado enquanto o genro, o vendedor Guilherme Boueres, buscava o atendimento com um recepcionista afirmando que eles tiveram atendimento negado na UPA. “Na hora que eu fui apresentar a documentação ele nem sequer pegou, ele disse: ‘Não, aqui a gente também não atende’”, recorda. Segundo Boueres, outro funcionário, que seria um enfermeiro, teria endossado a fala do primeiro atendente afirmando que o espaço era de alto risco de infecção por Covid-19. “Eu falei que eu sei que os hospitais estão com alto índice de contágio, mas a gente está procurando assistência médica porque a gente precisa. A gente está se colocando em risco, mas eu quero que alguém faça uma manobra, alguma coisa, para o desengasgo dele, se não ele vai morrer e a gente vai fazer o quê?’. Mais uma vez eles falaram: ‘Infelizmente, aqui a gente não vai poder fazer nada. Se vocês quiserem, vocês têm que tentar ir para a unidade do Socorrão II, sendo que essa unidade do Socorrão II fica do outro lado da cidade”, explica. O hospital indicado pela rede municipal fica a quase 10 quilômetros de distância da Unidade Mista de Saúde, um trajeto que leva em média 30 minutos.


Fonte: Jovem Pan

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