O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), trava há mais de quatro meses a sabatina do ex-advogado-geral da União André Mendonça, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para o Supremo Tribunal Federal (STF) – a escolha foi oficializada no dia 13 de julho. A demora para o agendamento da data da sessão criou um mal-estar entre os parlamentares, que falam em obstruir as votações até que o parlamentar do DEM indique quando o nome “terrivelmente evangélico” será escrutinado pelo colegiado, e fez com que senadores passassem a defender que o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), levasse a sabatina diretamente para o plenário, driblando a inação da CCJ.
Apesar da pressão, Pacheco não pretende “atropelar” Alcolumbre. Segundo relatos colhidos pela reportagem junto a auxiliares, o presidente do Senado prega respeito à autonomia do comandante da CCJ, a quem cabe escolher a data para a sabatina. O entorno do mineiro também lembra que o senador do DEM é ex-presidente do Congresso Nacional. Há, por fim, um terceiro fator: Alcolumbre apoiou Pacheco na eleição para o comando do Senado. “É claro que há um limite para essa situação, mas ninguém sabe qual é”, diz um assessor. Como a Jovem Pan mostrou, a sessão do colegiado da quarta-feira, 17, foi marcada por uma série de críticas à postura de Alcolumbre. O senador Espiridião Amin (PP-SC), que apresentou requerimento pedindo que a sabatina fosse levada diretamente ao plenário, disse que o presidente do colegiado é “um desertor do regimento”. Parlamentares de partidos aliados ao governo, como o PL do senador Jorginho Mello (PL-SC), pediram para que o Senado deixe de “arrastar” algo que está “desgastando” a imagem da Casa. A interlocutores, Pacheco diz que manifestações desta natureza fazem parte do jogo político.
Fonte: Jovem Pan