Pandemia, problemas da edição 2020 e crise no Inep desestimulam estudantes a realizarem o Enem

Enem 2021 está programado para acontecer nos dias 21 e 28 de novembro

Assim como em 2020, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode vivenciar um novo recorde de abstenções em 2021. A prova de 2020, que foi aplicada apenas em janeiro de 2021 após ser adiada em virtude da pandemia de coronavírus, teve uma taxa de abstenção de 51,5%, quase o dobro da edição anterior, sendo a maior desde 2009, com 37,7%. A versão online, oferecida pela primeira vez neste ano, teve uma abstenção total de 71,3% entre os 96 mil candidatos inscritos. Com provas marcadas para 21 e 28 de novembro, o Enem 2021 deve seguir o mesmo caminho do seu antecessor. São 3,1 milhões de inscritos para o exame, o menor número desde 2005. Para Claudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV, o impacto que a edição 2021 vai sofrer é uma consequência da falta de coordenação nacional para a implementação de um ensino à distância efetivo no Brasil ao longo dos últimos dois anos. “O fechamento prolongado das escolas fez com que muitos jovens, especialmente aqueles que vêm de famílias em situação de maior vulnerabilidade, não se sentissem preparados para fazer o Enem. Lembrando que muitos municípios brasileiros e muitas redes não têm a infraestrutura que outras têm. O MEC teria sido bem-vindo naquele momento”, relembra a ex-diretora de educação do Banco Mundial.

É o que sente Emmanuelle Victoria, de 17 anos. O início da pandemia tirou das escolas públicas cerca de dois meses de aula até o início do ensino remoto e a distribuição de apostilas. Isso nas escolas estaduais, porque as outras redes levaram mais tempo para voltar. As apostilas oferecidas pelo governo eram limitadas a resumos de cinco aulas por bimestre, com explicações consideras simples, porém, sem a explicação um professor, tudo fica mais difícil. O mesmo conteúdo era dado no Classroom, o que também não era muito bom, já que muitos professores nem mesmo sabiam como utilizar a plataforma, ainda que tivessem sido ‘treinados’ pela Secretaria Municipal de Educação”, conta a estudante do terceiro ano de colégio estadual em Barra Mansa, região Sul do Rio de Janeiro. “Com a chegada da pandemia, muitos alunos perderam entes queridos, como é o meu caso. Outros precisaram trabalhar, deixando os estudos de lado por um tempo ou realizaram as atividades com total auxílio da internet e não aprenderam nada”, acrescenta Emmanuelle.


Fonte: Jovem Pan

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