O procurador da República, Deltan Dallagnol, considera que a PEC da imunidade, em discussão na Câmara dos Deputados, pode dificultar processos e punições de parlamentares envolvidos com corrupção. Para o ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato, a proposta está criando novas “amarras”. “Me preocupa a PEC da imunidade que está sendo discutida de modo acelerado sem passar pelas comissões, sem debate para sociedade, sem ouvir organismos de combate à corrupção e trazendo regras que acabam dificultando investigações, processos, punições de parlamentares envolvidos com corrupção. Temos dentro dessa PEC, por exemplo, uma regra que proíbe o afastamento cautelar de parlamentares envolvidos com crimes graves. Então não teria acontecido, como ocorreu no passado, o afastamento do Eduardo Cunha pelo seu envolvimento com corrupção. Além disso, se proíbe a prisão em flagrante dos parlamentares por uma série de crimes, inclusive, crimes de corrupção e crimes contra administração pública.”
Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, desta sexta-feira, além de comentar sobre os prejuízos da proposta para o combate à corrupção, Dallagnol também falou sobre as supostas conversas hackeadas de membros da Lava Jato. Segundo ele, além de ser um conteúdo de origem criminosa, as mensagens não são prova da “inocência de ninguém”. “Ninguém alega que ali tenham provas da inocência de ninguém, alegam que teriam sido cometidos supostos excessos. Agora, depois de dois anos dessas mensagens, com um discurso sensacionalista de que existiriam excessos, nada foi comprovado irregular. Todo nosso trabalho fica registrado nos processos, na investigação. Quando você começa a investigar, desde a suspeita inicial, tudo fica registrado. Se tivesse qualquer irregularidade os advogados teriam apontado essas irregularidades e derrubado isso, quer na primeira instância, quer nos tribunais.”
Fonte: Jovem Pan