Pênaltis perdidos na Eurocopa: culpa dos batedores ou mérito dos goleiros?

O atacante espanhol Morata bateu mal e o goleiro Dúbravka, da Eslováquia, defendeu

As oitavas de final da Eurocopa 2020 começam neste sábado, 26, com as duas primeiras partidas envolvendo os 16 classificados da primeira fase: País de Gales x Dinamarca, às 13h (de Brasília), e Itália x Áustria, às 16h (de Brasília). Além dos grandes jogos, recordes individuais e questões políticas e raciais, o torneio entre seleções europeias chamou atenção do mundo por uma questão específica: o número de pênaltis perdidos. Nos primeiros 36 confrontos, foram marcados 14 penalidades, com oito cobranças convertidas, quatro defendidas, uma na trave e outra por cima do gol. Os goleiros Lukás Hrádecký (Finlândia), Roubou Dimitrievski (Macedônia do Norte), Martín Dúbravka (Eslováquia) e Georgiy Bushchan (Ucrânia) foram os heróis de suas torcidas — ou quase no caso deste último, já que o macedônio Alioski marcou no rebote; Gerard Moreno (Espanha) e Gareth Bale (País de Gales), que nem sequer acertaram a meta, os vilões. Mas por que esse número tão alto de erros? A culpa é do batedor ou um mérito exclusivo de quem está lá para defender? Para o comentarista da Jovem Pan, Flavio Prado, a evolução da posição de goleiro e a introdução de tecnologia nos treinamentos ajudam com que os arqueiros tenham melhor desempenho.

“Foi natural a evolução nas performances dos goleiros, facilitando a defesa de penais. Os goleiros hoje são maiores, há treinamentos específicos desde os tempos de Valdir Joaquim de Moraes [lendário guarda-metas do Palmeiras que se tornou pioneiro na profissão de preparador de goleiros]. Há também as observações… Hoje um goleiro dificilmente vai para o lance sem saber o lado de preferência daquele que vai cobrar o pênalti. Então, com o uso da tecnologia, com a melhoria das técnicas de treinamento e com a altura dos atletas, obviamente cresceu muito [o número de defesas]. E também, com todos esses detalhes a favor dos goleiros, o lado psicológico do batedor ficou pior. Por isso, o número de defesas é algo natural, aumentou bastante”, pontuou o comentarista.

A questão psicológica é, justamente, um dos fatores mais importantes no trabalhados cotidianos dos atletas no futebol contemporâneo. A psicóloga de performance profissional do Cruzeiro, Michelle Rios, afirma que o trabalho mental tem que ser trabalho com os jogadores diariamente, assim como a parte técnica. “A preparação mental é feita pensando num treinamento que aborda os aspectos físico, técnico e tático, e dividida em etapas: a psicoeducação ensina o atleta a ter confiança, atenção/concentração, ansiedade pré-competitiva, a ser resiliente etc; e as habilidade grupais ensinam comunicação e liderança”, explicou a profissional, que também atende na clínica Arena Ortopedia Esportiva. “No caso dos pênaltis, é uma bola parada, mas tem um lado psicológico mais forte. Você deixa de lado a parte física e tática e leva muito mais a parte psicológica, que é a concentração e a técnica. O jogador precisa ser muito treinado e criar rotinas que o ajudem a ficar concentrado naquele momento. Por exemplo, ele vai ter ações para bater aquele pênalti: os mesmos passos, os mesmos movimentos”, completa a especialista. Esse tipo de comportamento fica nítido para os torcedores em atletas mais experientes. É o caso de Cristiano Ronaldo, que bateu três pênaltis nesta Euro e converteu todos. Em cada cobrança, o português beija a bola, toma uma certa distância, respira e corre para o chute. Muito parecido com o seu comportamento ao bater faltas.


Fonte: Jovem Pan

Comentários