Na tarde desta sexta-feira, 6, horas depois de a proposta ser rejeitada na comissão especial, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), anunciou que levará a PEC do voto impresso, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), para o plenário da Casa. Segundo apurou a Jovem Pan, antes do anúncio, Lira conversou com o presidente Jair Bolsonaro e sinalizou que a votação, que deve ocorrer no fim da próxima semana, será o ponto final desta discussão. “O plenário será o juiz desta disputa, que, infelizmente, já foi longe demais”, disse em pronunciamento à imprensa. Entre os deputados, prevalece a avaliação de que há uma ampla maioria contrária ao voto impresso. Na comissão especial, a PEC foi rejeitada por 23 votos a 11. No plenário, segundo estimativas de líderes partidários ouvidos pela reportagem, a proposta deve conquistar cerca de 160 votos.
Por se tratar de uma proposta de emenda à Constituição, são necessários, no mínimo, 308 votos, em dois turnos – mesmo se aprovado na Câmara, o texto deve enfrentar resistência no Senado, onde uma iniciativa desta natureza está na gaveta. Com a sinalização feita na tarde desta sexta, os líderes da Casa afirmam que o expoente do Centrão jogará “uma pá de cal” no assunto. “Com o veredito do plenário, o Planalto não vai poder dizer que o placar da comissão não representa o conjunto dos parlamentares”, afirma um interlocutor de Lira.
Como a Jovem Pan mostrou, aliados de Lira avaliavam que o presidente da Câmara queimaria capital político se tentasse reverter um cenário bastante desfavorável ao voto impresso. Com a escalada da crise entre Bolsonaro e o Judiciário, nem mesmo os partidos da base endossaram a mudança do sistema de votação do país. Apesar da maioria existente pela rejeição da proposta, as lideranças do governo ainda trabalham para encontrar um meio-termo. O relatório do deputado Filipe Barros previa a contagem manual de 100% dos votos, mas, nesta costura, ainda não está totalmente descartada a adoção de um percentual menor.
Fonte: Jovem Pan