Prefeito de São Paulo é investigado por suspeita de lavagem de dinheiro

Com a morte de Bruno Covas, Ricardo Nunes assumiu a Prefeitura de SP definitivamente na última semana

A Polícia Civil investiga o novo prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), por suposta participação em esquema de lavagem de dinheiro desviado da prefeitura, entre 2012 e 2020, quando ainda era vereador. À Jovem Pan, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) confirmou a existência do inquérito, mas alegou que ele corre em segredo de Justiça. Os indícios do crime foram apontados pelo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), que constatou depósitos atípicos nas contas da empresa do prefeito e seus familiares. De acordo com investigadores, um dos aspectos que motivaram a apuração foi a detecção de dois grandes depósitos em espécie, feitos na conta de uma dedetizadora registrada no nome de Nunes. No total, os dois valores somam cerca de R$ 150 mil. Além disso, o Coaf também registrou movimentações financeiras suspeitas nas contas de empresas gerenciadas por ex-funcionários do atual prefeito.

Uma delas é a organização social Associação de Moradores Jacinto Paz, contratada pela prefeitura, que recebe verba pública para gerenciar creches na Zona Sul de São Paulo. A organização é presidida pelo casal Andrea Miranda e Gilson dos Santos. Durante a campanha eleitoral de 2016, Miranda trabalhou para Ricardo Nunes. De acordo com a polícia, entre 2019 e 2020, a associação teria recebido R$ 20,6 milhões da Prefeitura de São Paulo para assistir cinco creches em Santo Amaro, reduto eleitoral do atual prefeito. Com o dinheiro, a instituição teria realizado altos pagamentos sem licitação a duas empresas: a construtora WMR e a distribuidora de material escolar Águia. No total, eles somam R$ 1,5 milhão. No entanto, o Coaf identificou ainda que a WMR e a Águia teriam repassado os pagamentos para a conta de outra empresa de Gilson dos Santos, devolvendo assim o dinheiro para as contas dos administradores da Jacinto Paz. A investigação envolve outra entidade que administra creches em São Paulo, a Associação Amigos da Criança e do Adolescente (Acria). A presidente da Acria, Elaine Targino, também trabalhou com Ricardo Nunes. Entre dezembro de 2018 e setembro de 2018, as empresas WMR e Águia teriam feito 29 repasses para a instituição. No total, o montante equivale a R$ 974 mil. A polícia apura se a WMR e Águia são usadas para lavar dinheiro ilícito.

Procurada pela Jovem Pan, a gestão municipal negou as denúncias. “A Prefeitura de São Paulo informa que, embora não tenha conhecimento nem acesso à suposta averiguação em curso, o prefeito Ricardo Nunes nega veementemente as acusações. O prefeito ressalta que está, como sempre esteve, à disposição das autoridades competentes para prestar quaisquer esclarecimentos que sejam necessários. Em sua vida privada e pública, Nunes sempre se pautou pela legalidade e correção de seus atos”, registrou, em nota. O emedebista passou a comandar a prefeitura de São Paulo no início deste mês, após o afastamento temporário do prefeito Bruno Covas (PSDB). Com a morte de Covas, Ricardo Nunes assumiu a cadeira definitivamente na última semana. Antes de compor o Executivo do município, ele atuou por dois mandatos como vereador da cidade.


Fonte: Jovem Pan

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