O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou, nesta segunda-feira, 8, todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal no Paraná relacionadas às investigações da Operação Lava Jato. Com a decisão, o ex-presidente recupera os direitos políticos e volta a ser elegível. Em sua decisão monocrática, Fachin, relator da Lava Jato no STF, entendeu que a 13ª Vara Federal não é competente para julgar e processar o petista. Na prática, estão anuladas as condenações dos casos do tríplex do Guarujá, do sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, e do Instituto Lula.
Lula foi preso em abril de 2018, deixando a cadeia apenas em novembro de 2019, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) barrou a prisão de condenados em segunda instância. Na época, ele já poderia se beneficiar da progressão de regime fechado para o semiaberto, pois tinha cumprido 1/6 da pena e tinha os requisitos estabelecidos pelo Código de Processo Penal, segundo o Ministério Público. No entanto, o ex-presidente recusou o benefício e pediu a anulação do processo.
Triplex do Guarujá
Lula foi denunciado pela Operação Lava Jato por receber propina da empreiteira OAS através da reserva de um apartamento tríplex na cidade do Guarujá, no litoral de São Paulo, e da manutenção da unidade. Em 2017, o então juiz Sergio Moro condenou Lula a nove anos e seis meses de prisão, pagamento de uma multa de R$ 670 mil e de indenização de R$ 16 milhões, além de impedir que o petista ocupasse cargos públicos por sete anos. A pena foi reduzida depois de o caso ser analisado, em abril de 2019, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Sítio em Atibaia
Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação penal que envolve o sítio de Atibaia. A força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) acusou o petista de receber R$ 1 milhão em propinas referentes às reformas do imóvel, que está em nome de Fernando Bittar, filho do amigo de Lula e ex-prefeito de Campinas, Jacó Bittar. Fernando Bittar foi condenado a três anos de prisão por lavagem de dinheiro no mesmo processo.
A Lava Jato afirma que o sítio passou por três reformas: uma sob comando do pecuarista José Carlos Bumlai, no valor de R$ 150 mil, outra da Odebrecht, de R$ 700 mil e uma terceira reforma na cozinha, pela OAS, de R$ 170 mil, em um total de R$ 1,02 milhão. A juíza substituta Gabriela Hardt disse que a ação penal não passou “pela propriedade formal do sítio” e que a família do petista “usufruiu do imóvel como se dona fosse”. “Inclusive, em 2014, Fernando Bittar alegou que sua família já não o frequentava com assiduidade, sendo este usado mais pela família de Lula”, registrou a juíza na ocasião. A magistrada determinou o confisco do sítio e estabeleceu o valor mínimo de reparação de danos causados: R$ 85 milhões.
Fonte: Jovem Pan