‘É uma movimentação ilegal, mas provavelmente não vai interromper o Putin’, diz especialista

Países ocidentais já anunciaram sanções à Rússia em caso de uma invasão à Ucrânia

O professor de Segurança Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fernando Brancoli, defendeu neste sábado, 12, em entrevista ao Jornal da Manhã, que uma invasão da Rússia à Ucrânia seria ilegal, mas o especialista não acredita que isso será o suficiente para dissuadir Vladimir Putin de suas intenções. “Do ponto de vista do direito internacional, não existe autorização. De maneira clara, a Rússia precisaria ou de um fato muito explícito em que considerasse uma movimentação em relação à Ucrânia de autodefesa ou com autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU)”, explicou o professor. “Apesar da Rússia em alguns momentos argumentar que a movimentação de tantas tropas dentro da Ucrânia pensando no contexto da Otan poderia apresentar uma ameaça à sua segurança, a princípio, segundo interpretações mais generalistas, não existe efetivamente essa ameaça. Mas para a Rússia [a ameaça] existe”, afirmou. Mesmo sem autorização, muitas outras nações dentro da sociedade internacional, inclusive os Estados Unidos, já mobilizaram suas tropas para outros países. “É uma movimentação ilegal, mas provavelmente não vai interromper o Putin caso ele decida invadir”, apontou Brancoli.

Uma invasão russa à Ucrânia traria prejuízos econômicos para o governo Putin. “Já tem sido sinalizado por parte americana sanções econômicas que podem prejudicar os russos, como bloqueio ao comércio, congelamento de pessoas e políticos importantes que apoiam o governo Putin. A gente está falando de um país que tem bastante ligação comercial com diversos países do grupo. Então uma movimentação potente por parte tanto da União Europeia quanto dos Estados Unidos no que fiz respeito a congelar, bloquear e isolar os russos comercialmente e financeiramente poderia gerar, sim, prejuízos grandes”, detalha Brancoli. Mas a Rússia também tem o poder de prejudicar outros países da União Europeia.  “Os russos têm uma relação comercial com a União Europeia muito ligada à exportação de gás natural e os europeus são muito dependentes de um gás russo. A gente fica sempre em dúvida sobre quanto efetivamente os europeus poderiam bancar uma interrupção ou substituição do gás russo”, questionou. Sobre a chance da Rússia efetivamente invadir, o professor alega que é difícil prever. “O que a gente tem efetivamente agora é uma movimentação muito expressiva dos russos na fronteira ucraniana. Se essa movimentação vai significar uma invasão amanhã, agora, daqui a 15 dias ou até se ela vai acontecer, não temos muita certeza”, disse.

Confira a entrevista na íntegra:


Fonte: Jovem Pan

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