A forma de diagnosticar a doença de Alzheimer pode estar perto de mudar. É o que apontam especialistas do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas de São Paulo. Depois de passar por uma fase de pesquisas, neste ano, o exame PET-CT, também utilizado em pacientes com câncer, está sendo usado para detectar precocemente o Alzheimer. A técnica, já conhecida nos Estados Unidos, Japão e em alguns países da Europa, é considerada de grande avanço, já que atualmente os diagnósticos são feitos pelo quadro clínico dos pacientes ou por um exame mais invasivo e que pode ser impreciso. Médico assistente e pesquisador do InRad, Artur Coutinho, explica que o exame PET-CT consegue verificar a existência de uma proteína no cérebro que permite confirmar a presença da doença mesmo antes dos sintomas iniciais.
“Se for um exame positivo, a gente vai ter no córtex cerebral, uma região onde tem os neurônios, tem a concentração desse traçador que mostra que tem essa proteína. E se for negativo, a gente só vai ver a presença do traçador nas substância branca. Então é de relativa a sua interpretação e a gente consegue dar uma resposta bem afirmativa para o sujeito que está em dúvida se tem doença de Alzheimer ou não”, pontua. Apesar do avanço, a técnica ainda é limitada a poucos pacientes. Além do exame, o medicamento Aducanumab, aprovado no início do mês pela FDA, a agência de saúde americana, aguarda o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser usado contra o Alzheimer. Segundo Artur Coutinho, a combinação de ambos pode ajudar os pacientes brasileiros.
“Ano que vem a perspectiva é que o mercado privado possa todo realizar esse exame, o que vai casar com a aprovação da Anvisa dessa nova droga. Para você tratar com essa nova droga, você só vai poder tratar se tiver certeza. Então o diagnóstico de Alzheimer como é feito hoje ele vai deixar de fazer sentido, porque para usar uma droga antiamiloide você precisa ter a comprovação que tem amiloide”, afirmou. Atualmente, segundo a associação brasileira de Alzheimer, estima-se que no Brasil há 1,4 milhão de pessoas com a doença e que 55 mil novos casos ocorrem por ano. Em nota, a Anvisa afirmou que analisa o pedido de aprovação do medicamento Adicanumab desde fevereiro e que o processo corre em sigilo. Sobre o PET-CT, a agência destaca que já registrou nove exames do tipo, mas nenhum ainda com indicação específica para a doença de Alzheimer.
Fonte: Jovem Pan