Cada um dos mais de 2,9 milhões de mortos pela Covid-19 no mundo eram pessoas importantes na vida de alguém. Seja pai, mãe, avós ou amigos, as crianças sofrem com a perda súbita de entes queridos e, devido à pandemia, assim como os adultos, não podem se despedir. Se já é difícil entender a morte e viver o luto na idade adulta, os pequenos lidam de forma diferente com a questão. “A criança vai entender o luto de acordo com cada faixa etária. Até os três anos de idade, o fim da vida é percebido como uma ausência. Entre três e oito anos, a criança assimila a morte de uma forma mais fantasiosa, achando que a pessoa foi viajar e que pode voltar. É a partir dos nove anos que a criança começa a ter consciência da morte de forma mais clara”, explica a psicóloga Vanessa Gebrim, especialista em psicologia clínica pela PUC-SP.
No entanto, independentemente da idade, é importante evitar analogias — mas falar da forma mais simples possível. “O importante é dar a notícia de forma clara, sem muitos detalhes, principalmente se for uma morte trágica, e evitar as metáforas. Um exemplo é dizer que a pessoa ‘virou uma estrelinha’. Isso pode confundir a cabeça da criança e fazer com que ela tenha a esperança de que a pessoa possa voltar.” A psicóloga explica que é importante ajudar a criança a expressar o que está sentindo para elaborar o luto — que é um estado emocional que se caracteriza pelo sentimento da perda. Afinal, a morte é o rompimento mais definitivo de um laço de amor que alguém pode viver.
Fonte: Jovem Pan