Criticado por permitir que vídeos de conteúdo falso ou questionável viralizassem, o YouTube ignorou por anos propostas dos próprios funcionários para frear o avanço desse tipo de material na plataforma, segundo uma reportagem da “Bloomberg” publicada nesta terça (2).
A liderança do site de vídeos estaria mais preocupada em turbinar o engajamento do público do que combater conteúdo extremista, conspiracionista e perturbador.
Segundo um ex-funcionário ouvido pela agência, o objetivo do YouTube era atingir 1 bilhão de visualizações por dia. Para isso, o site ignorou uma proposta de banir da aba de recomendações vídeos que estivessem perto de violar as políticas de uso da plataforma. Ao contrário, continuou a recomendar vídeos independentemente do seu potencial controverso.
“Posso dizer com muita confiança que eles [a chefia do YouTube] estavam errados”, diz um ex-funcionário ouvido pela reportagem. O texto também descreve como a equipe de moderação lutava para ter um orçamento maior mesmo operando com menos de 20 funcionários.
Os funcionários que não pertenciam à equipe de moderação eram desencorajados por advogados da companhia a realizar buscas por vídeos de conteúdo tóxico. A lógica era a de que a companhia poderia ser responsabilizada caso existisse provas de que funcionários da companhia tinham conhecimento desse material.
Um ex-funcionário diz que Susan Wojcicki, presidente executiva do YouTube, nunca tentou tornar as coisas mais favoráveis a limitação do conteúdo e que ela se preocupava apenas em administrar a parte de negócios da companhia.
À “Bloomberg”, um representante do YouTube disse que o site começou a tomar medidas em 2016 e passou a desmonetizar canais que promoviam conteúdos prejudiciais em 2017.
Em 2018, o YouTube passou a incluir um box de informações em vídeos conspiratórios e remover anúncios de conteúdo de potencial perigoso. Apenas em janeiro deste ano, parou de recomendar vídeos com este teor.
*Com Estadão Conteúdo