Nos últimos 10 anos, cerca de 2 milhões de pessoas migraram do centro ampliado para as extremidades de São Paulo. Enquanto a cidade passou de 8 milhões de habitantes, em 1980, para 12 milhões, em 2020, o mesmo crescimento não aconteceu no centro ampliado, que viu sua diminuição da população de 3,5 milhões para 2,8 milhões. É o que aponta a startup Dataland, que aplica metodologias para o mercado imobiliário no Brasil. Entre os motivos para a mudança, além da queda na renda das pessoas pelo alto índice de desemprego e agravamento da pandemia, o ex-presidente do Secovi, Claudio Bernardes, explica que entender o fenômeno é fundamental para o desenvolvimento das cidades. “Nos próximos 10 anos há uma perspectiva de aumento de domicílios na cidade e é importante que a gente saiba onde vamos colocar esses novos domicílios. Vamos continuar com esse modelo, jogando as pessoas em local que não tem infraestrutura, que elas têm que se deslocar três ou quatro horas por dia para vir para o emprego e uma qualidade de vida pior? Ou vamos tentar acomodar pelo menos parte desse crescimento nos locais onde já temos infraestrutura”, questionou.
Criada em 2020, a Dataland tem informações dos quase 3,5 milhões de IPTUs e 1,5 milhão de lotes da cidade. O presidente da construtora Trisul, Jorge Cury Neto, conta que a ferramenta mudou a análise de forma atualizada e dinâmica, não só da região. “Não podemos errar na compra de um imóvel, ter problemas de zoneamento, mato, localizado porque o capital investido é muito grande. Então, esse instrumento nos traz uma maior assertividade”, relata. Alguns projetos previstos no Plano Diretor da cidade estão paralisados. Ele foi aprovado em 2014 e deveria ter sido revisto em 2021. Porém, foi adiado pela pandemia e deve ocorrer até o mês de julho.
*Com informações do repórter Victor Moraes