O tucano Aécio Neves assume o cargo em meio a fritura promovida por integrantes do partido que defendem a expulsão dele por causa de denúncias de corrupção. O parlamentar substitui Eduardo Bolsonaro, que comandou o colegiado nos últimos dois anos. Nesta sexta-feira, 12, o deputado Aécio Neves recebeu 25 votos contra seis em branco, e, ao fazer o uso da palavra, elogiou o antecessor. “Mas, vossa excelência, teve o mérito de trazer temas extremamente delicados na discussão dessa Casa, dessa comissão. Em especial aquele que diz respeito a entrada do Brasil na OCDE. E me lembro também, até do ponto de vista afetivo, que essa comissão acabou sendo uma porta de entrada para demandas em relação aos brasileiros que estavam presos em países das mais variadas regiões sem condições de retornar ao Brasil no início da pandemia.”
Aécio Neves exalta a importância da comissão de Relações Exteriores e elenca que o PSDB sempre teve bons chanceleres. Em uma tentativa de amenizar desavenças com o partido, em meio a processo de fritura, o deputado Aécio Neves afagou companheiros. “Esses temas dessa comissão sempre estiveram presentes em inúmeras discussões no âmbito do meu partido, o PSDB, que nos últimos 10 anos presidiu por seis vezes essa comissão. E ofereceu ao país, fica aqui o registro, quadros extraordinários como chanceleres. Me refiro a Fernando Henrique Cardoso, Celso Lafer, mais recentemente José Serra e Aloysio Nunes.”
Aécio Neves afirma que, na comissão, serão debatidos assuntos de política externa como Mercosul, OCDE e ajuda no combate ao coronavírus. Ao deixar o cargo, o deputado Eduardo Bolsonaro rebateu críticas à diplomacia do governo federal. “Para aqueles que insistem em afirmar que a nossa diplomacia trabalha contra o interesse nacional, vale lembrar que o Brasil foi o quarto maior destino mundial de investimentos estrangeiros diretos em 2019. Tirando a política nacional das páginas policiais.”
Ainda no discurso de despedida, o deputado fez um agradecimento ao príncipe saudita Mohammed Bin Salman, acusado de mutilar e assassinar jornalista crítico ao regime. O filho do presidente Jair Bolsonaro também exaltou o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, que vem atuando contra a oposição e a imprensa do país. “E também agradeço a deferência do chanceler da Hungria e também do premier, que tão bem me receberam quando estive em minha visita pela Hungria — país que, para mim, é referência em várias áreas.” Em 2019, Eduardo Bolsonaro foi cotado para assumir a embaixada do Brasil em Washington. Na época, o parlamentar declarou que já possuía experiência, pois tinha “fritado hambúrguer nos Estados Unidos“.
*Com informações do repórter Fernando Martins