A infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp, analisou a evolução da pandemia no Brasil e afirmou que as autoridades não devem pensar em flexibilizar as medidas de restrição para conter a disseminação da Covid-19. “Qualquer anúncio de flexibilização deveria ser evitado neste momento porque, caso contrário, as pessoas entendem que a pandemia está controlada – mas a realidade não é essa. Apesar do impacto econômico, ainda convivemos com uma lenta velocidade de vacinação e uma alta taxa de transmissão do vírus, por isso é precipitado reabrir os comércios. A decisão do ministro Nunes Marques, que liberou a realização de missas no país, é infeliz e promove a aglomeração por motivos eleitoreiros porque, quem está vivenciando a pandemia, jamais decretaria esta medida. Por mais que os fiéis sigam os protocolos de segurança, estão em um ambiente fechado – que propicia a transmissão do vírus, e há o contato entre eles na entrada e saída das cerimônias”, afirmou.
Neste sábado, 3, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Kassio Nunes Marques, autorizou a liberação de missas, cultos e outras cerimônias religiosas em todo o Brasil. No entanto, a decisão determina que os protocolos sanitários contra a Covid-19 sejam respeitados durante os eventos. O Brasil vivencia o pior momento da pandemia desde a chegada do novo coronavírus, fechando março como o mês mais mortífero da pandemia. “Abril não deve ser diferente, ainda teremos cerca de três semanas muito tristes com altas demanda de internação e taxa de morte. Agora percebemos uma diminuição no número de novos casos, que devem refletir na queda de óbitos nas próximas semanas. Apesar disso, a evolução de abril para maio depende da responsabilidade dos cidadãos e das autoridades, que devem respeitar as medidas de restrições, os protocolos sanitários e acelerar a vacinação.” Para a infectologista, o Brasil ainda vivenciará a terceira onda de contaminação do vírus durante a pandemia, que deve ser contida apenas quando 70% da população for vacinada.
Fonte: Jovem Pan