A jovem Mya Thwe Thwe Khine, de 20 anos, faleceu nesta sexta-feira, 19, após dez dias internada em estado crítico em um hospital de Naipyido, capital do Myanmar. Com a autorização da família, ela foi retirada da assistência vital que vinha recebendo desde que levou um tiro na cabeça enquanto protestava contra o golpe militar. De acordo com a análise de vídeos e fotos feitas por várias organizações humanitárias, a jovem caiu ao chão enquanto se afastava da linha de frente de uma manifestação que já estava sendo interrompida pela polícia com canhões d’água. Embora o exército afirme que armas letais não foram usadas naquele dia, a Anistia Internacional e a organização não-governamental Human Rights Watch confirmaram que Mya foi atingida por uma munição real vinda de uma submetralhadora. A moça, que estava inclusive usando um capacete para se proteger, é provavelmente a primeira manifestante morta como resultado da violência exercida pelas forças de segurança contra os protestos que se espalharam por todo o país.
O corpo de Mya Thwe Thwe Khine, que completou 20 anos enquanto estava internada, foi levado para uma casa funerária e deve ser velado neste domingo, 21. A irmã da vítima confirmou a morte aos meios de comunicação locais e pediu para o povo continuar “a revolução até que ela seja bem sucedida”. Na sequência, a pesquisadora da Human Rights Watch, Manny Maung, também forneceu detalhes do óbito e defendeu que os incidentes que levaram à morte da jovem devem ser devidamente investigados. “Acima de tudo, deve haver uma forte condenação internacional e duras consequências contra a junta militar”, completou em sua conta do Twitter.
The incidents leading up to her death and allegations of live ammunition used by #Myanmar police should be investigated. Above all, there should be strong international condemnation and, and strong consequences against the #Myanmarmilitary. @HRWBurma
3/3.
— Manny Maung (@mannymaung) February 19, 2021
A notícia da morte de Mya Thwe Thwe Khine levou à novos protestos pelo país nesta sexta-feira, 19. Os manifestantes, que já veem a jovem como uma mártir do movimento contra o golpe, exibiam cartazes pedindo que a população como um todo aderisse à desobediência civil para enfrentar o regime militar. As autoridades que estão controlando o Myanmar têm bloqueado o acesso à internet como forma de tentar conter esses movimentos, mas as tentativas têm sido em vão.
Fonte: Jovem Pan