No Congresso Nacional, políticos debatem a aplicação da “linguagem neutra” nas escolas. Algumas empresas já usam termos não-binários para se referir aos seus colaboradores. Nos últimos anos, a discussão em torno da “linguagem não-binária” ganhou força em todo o mundo. Com o intuito de acolher as pessoas que não se identificam com os gêneros feminino e masculino, o dialeto propõe modificações na norma culta da língua portuguesa para anular as flexões de gênero nas palavras. Por exemplo, a tendência aponta que os termos “todas” e “todos” deveriam ser substituídos por “todes” para acolher todos os gêneros. Em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, nesta quarta-feira, 2, a professora de português Cíntia Chagas criticou a nova linguagem.
“Não sou contra as pessoas não-binárias, acredito que todo mundo pode ser o que quiser. No entanto, a vontade de uma ínfima maioria não pode prevalecer sobre uma língua que é patrimônio nacional, que carrega uma história. É óbvio que a defesa de valores é bacana, devemos viver numa sociedade inclusiva, mas não podemos aceitar a histeria coletiva. A língua portuguesa está sendo muito atacada. Primeiro as pessoas querem dominar o que falamos, para depois dominar como pensamos e, finalmente, o modo que agimos”, disse. Cíntia também defendeu que, na realidade, o dialeto não é inclusivo como se propõe a ser. “O uso da ‘linguagem neutra’ prejudica o aprendizado nas escolas e não inclui ninguém. Isso porque atrapalha a compreensão das pessoas que têm dislexia, confunde os surdos que se comunicam através da leitura labial e atrapalha os cegos que leem através de softwares já que os aparelhos precisariam ser reconfigurados para abarcar o dialeto.”
A professora explicou ainda que a norma padrão da língua portuguesa já inclui o gênero neutro. “Não faz sentido falar ‘todxs’ ou ‘todes’. Isso é um assassinato, uma esquizofrenia. No latim, nós tínhamos a terminação em ‘U’ que representava o gênero neutro. Quando o latim deu origem ao portugês, o masculino passou a compreender o gênero neutro. Por isso que, quando eu digo ‘boa noite a todos’ estou me referindo a homens e mulheres. Além disso, substituir as letras ‘a’ e ‘o’ ao final das palavras por ‘e’ com a prentensão de neutralizar o gênero é uma grande bobagem porque é algo totalmente arbitrário. Por exemplo, a palavra ‘pente’ termina em ‘e’ e continua sendo um termo masculino”, concluiu.
Confira na íntegra a entrevista com a professora Cíntia Chagas:
Fonte: Jovem Pan