Uma discussão sobre a vacinação contra a Covid-19 repercutiu nas redes sociais ao longo da última semana. Isso porque internautas descobriram que em Joinville, cidade de Santa Catarina, a aplicação do imunizante acontece na região ventroglútea do copo, localizada entre a coxa e o glúteo. A razão do espanto é que, no restante do país, a imunização intramuscular é feita no braço, no chamado músculo deltoide. “Sou carioca recém chegado a Joinville. Me surpreendi quando a enfermeira disse: abaixa um pouquinho as calças, aqui a vacina é no bumbum. Minha namorada estava comigo no local de vacinação. Com a câmera na mão, ela me perguntou: ‘tiro foto’? Aos risos, ela desistiu”, conta o geógrafo Alexandre Batista. A principal justificativa apresentada para a aplicação diferenciada é que a vacinação no ventroglúteo reduz os riscos de reações adversas aos imunizantes. Mas, de fato, a simples mudança no local pode influenciar na resposta do organismo às vacinas? Essa diferença pode alterar a eficácia da imunização?
A enfermeira e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Mayra Moura, confirma: a vacinação na região ventroglútea diminui as chances de reações adversas, como dores, inchaço, vermelhidão e formação de caroços no local da imunização. No entanto, ela alerta: a aplicação é no ventroglúteo, não no glúteo. “É uma região que não tem grandes vasos próximos e terminações nervosas importantes. Então, é muito segura para a administração das vacinas, porque tem menos risco e também por ser composta por dois músculos, é um local que tem menos dor”, pontua a especialista. Segundo ela, Santa Catarina tem uma “tradição” de vacinação ventroglútea, com recomendação da prática para todos os imunizantes aplicados de forma intramuscular.
De fato, embora a diferença na aplicação tenha sido uma surpresa para Alexandre Batista e centenas de internautas, outros moradores de Joinville viram a situação como esperada, já que outras vacinas também são aplicadas neste local do corpo. “Não me ofereceram a possibilidade de ser no braço, mas também não perguntei. Já esperava que fosse dessa forma porque havia acompanhado a minha mãe e o meu pai e já havia tomado vacinas naquela região, para nós não é nada fora do comum, é normal”, conta o catarinense Alex Cardoso, que já tomou a primeira e a segunda dose contra a Covid-19, ambas com aplicação próxima ao glúteo.
Fonte: Jovem Pan