A pior crise hídrica em mais de 90 anos no Brasil não é fruto apenas da falta de planejamento, mas de fatores estruturais mais profundos, cuja solução depende de uma ação conjunta de atores globais. O ex-diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Barata, garante que o país avançou: a matriz começou a ser diversificada e os investimentos foram impulsionados. Porém, ao mesmo tempo, o Brasil começa a colher os resultados das mudanças climáticas. “Diria que todo o problema que nós temos hoje decorre dessa crise climática, que promove uma crise hídrica e em consequência disso, pelo fato de ainda termos uma dependência das hidrelétricas, acabamos com a crise enérgica que vivemos hoje. A agenda do clima é algo com que nós precisamos nos preocupar, porque esse é um problema mundial”
Ao contrário do governo federal, que vem tranquilizando a situação, Luiz Barata afirma que há sim risco de apagão. “As condições para setembro, outubro e novembro são muito preocupantes, porque as fontes de geração que nós temos poderão não ser suficientes para fazer frente ao consumo. Então, há risco não de desabastecimento, mas apagão pode acontecer sim”, pontua. Números sustentam a avaliação do especialista: algumas das principais hidrelétricas do país estão quase parando por causa do baixo nível dos reservatórios. o governo tem reforçado os apelos por economia e ampliado o uso da energia térmica, mais cara, para aliviar a situação do sistema elétrico.
Fonte: Jovem Pan