Os especialistas Manuel Furriela, professor de relações internacionais da FMU (Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas) e o sócio e vice-presidente da Arko Advice, Cristiano Noronha, analisaram o discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na Cúpula de Líderes sobre o Clima, nesta quinta-feira, 22. Para Furriela, o pronunciamento representou uma mudança de postura da gestão Bolsonaro. “É um discurso a favor do cumprimento das metas, mostrando um propósito de zerar o desmatamento no Brasil, que é um dos grandes focos das críticas internacionais. Não é só uma meta no quesito de mudanças climáticas, mas em geral, um compromisso, algo que é muito cobrado do Brasil internacionalmente. Houve uma assunção de compromisso nesse sentido”, analisa o professor em entrevista ao Jornal da Manhã. “Ele destacou a questão do desmatamento, de redução de emissão de gases do efeito estufa, colocou prazos diferentes para as metas e informou que vai investir mais recursos na questão ambiental, apesar das limitações. Trouxe ainda a questão envolvendo as pessoas que vivem na Amazônia em uma situação de baixíssimo desenvolvimento humano. Então, eu acho que o discurso foi ou vai ser, internacionalmente, uma sinalização positiva”, destaca Furriela.
O professor lembra, porém, que há uma hesitação internacional a qualquer antecipação de recursos ao Brasil. Nos dias que antecederam a Cúpula, houve um forte movimento internacional, incluindo de artistas, pedindo mais investimentos ao Brasil, mas ressaltando que uma postura mais concreta deveria ser demonstrada pelo do governo brasileiro. “Acredito que é isso que vamos observar. Pelo que eu também notei da postura do governo americano, há sim uma abertura para um consenso em relação ao Brasil. A gente pôde perceber que arrefeceram as críticas de Joe Biden ao Brasil a partir do momento em que houve uma postura do governo Bolsonaro mais aberta ao diálogo. Então eu acho que a postura do governo americano não está sendo mais no sentido de aguardar para ver, mas sim de ‘vamos conversar’. Se isso se concretizar, acho que a gente tem possibilidade de mudar um pouco a agenda brasileira e a percepção internacional”, concluiu Furriela.
Fonte: Jovem Pan