A veterinária Gabriele Olária, de 21 anos, pegou Covid-19 em julho do ano passado. Ela teve sintomas leves, mas os pais e a prima sofreram um pouco mais com falta de ar e perda de olfato. Alguns meses depois de recuperados, os três começaram a ter falhas de memória — algo que não sentiram antes. Gabriele disse que não sofre com os lapsos, mas se sente dispersa e sem capacidade de concentração, principalmente na hora de estudar. “Eu senti falta de concentração. Mas perda de memória, esquecer as coisas, não senti. Em relação a concentração, principalmente nas aulas online, já era difícil. Depois da Covid-19, se tornou muito mais difícil.” Um trabalho publicado em fevereiro pelo Instituto do Coração da USP revela que, depois da infecção, surgem problemas como perda de memória, dificuldade em manter a atenção e relatos de dificuldade para enxergar.
O neurocirurgião Marcelo Valadares acredita que a Covid-19 não deve deixar sequelas neurológicas permanentes. Mas, como a doença está ligada ao aumento de coágulos em artérias, pode até provocar um AVC. “São alterações neurológicas associadas ao que a gente tem chamado de Síndrome Pós-Covid-19, né. Então seria um quadro crônico de duração ainda não determinada, variável, mas que surge em pacientes que tiveram a doença e não tinham esses sintomas antes dela. Agora, é difícil dizer que é diretamente o vírus que causa o AVC ou se isso é relacionado a outra complicações clínicas que os pacientes tiveram. Geralmente, esses são quadros moderados ou graves de Covid-19 em que podem causar isquemias em todo corpo.” Ele diz ainda que é normal que, depois da alta, o paciente se sinta desorientado ou cansado. Ele diz que é importante saber há quanto tempo a pessoa recuperada da Covid-19 está lidando com a perda de memória e dispersão. Se possível, o ideal e procurar um médico para avaliação.
*Com informações do repórter Victor Moraes