Vítimas de deslizamentos começam a ser sepultadas em Petrópolis

Familiares enterram vítima das chuvas em Petrópolis

Muita gente esteve no cemitério de Petrópolis, no Rio de Janeiro nesta quinta-feira, 17, por causa dos 17 sepultamentos realizados, com apenas números identificando as lápides. Ainda com alto número de desaparecidos, muita gente faz fila na porta do Instituto de Medicina Legal (IML) da cidade em busca de informações e também para liberar corpos. A angústia reina na cidade imperial, mas o governo disse ter montado uma força tarefa para identificar as vítimas com mais rapidez. A previsão de chuva moderada persiste. O governo reforça que, em caso de emergências, os cidadãos devem acionar o telefone 199, da Defesa Civil.

No local dos deslizamentos, para quem está por lá, enquanto houver há esperanças. Anderson Mota segue na busca pela irmã: “A minha irmã e a família da minha irmã segue desaparecida ainda. E a casa dela era aqui. Agora não tem nada. Estou desde 5h30 da manhã aí, com ajuda dos bombeiros, mas a gente não vai desistir não, com ajuda ou sem ajuda a gente vai continuar”. José Carlos Paiva conseguiu ajudar no socorro de muita gente, mas não pôde salvar a própria mãe: “Hoje eu estou tirando corpos, tirei o corpo da minha mãe, ontem eu socorre meu filho, socorri vizinhos levando para o pronto-socorro. Meu filho está bem, está no Santa Tereza, internado, mas está bem, consegui tirar com vida, apesar da lama. E, minha mãe, infelizmente, nós vamos ter que enterrar ela, porque não teve jeito”.

Ações governamentais

O rastro de destruição é visível por todos os cantos. Além do trabalho para resgatar as vítimas, a cidade tenta se reerguer. O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), anunciou nesta quinta-feira, 17, medidas para ajudar economicamente quem foi afetado pela tragédia. “O primeiro deles foi o que eu sancionei ontem, um pedido nosso para a Assembleia, a questão da gente poder adiar, dar prazo, para que os empreendedores possam pagar o ICMS depois. O IPVA vai ser também adiado. Nós temos uma linha de crédito que é de R$ 5 mil a R$ 50 mil. E essa linha toda está sendo trazida para cá. Já encaminhei para a Assembleia Legislativa em regime de superurgência, e já deve estar sendo votado hoje ou, no máximo, terça-feira, uma linha de crédito de R$ 200 milhões para todos os empresários de Petrópolis”, disse o governador.

Claudio Castro também lembrou investimentos feitos na região serrana para evitar deslizamentos. “Na região serrana em si, só no ano passado foram investidos, além da contenção de encostas naquelas obras de infraestrutura para que a gente pudesse afastar essas crises, foram mais de R$ 350 milhões. Essa já é uma política do governo do Estado. O Limpa Rio foram mais de R$ 200 milhões”, disse. A Caixa Econômica Federal também anunciou nesta quinta-feira, 17, diversas medidas em apoio ao município de Petrópolis. Um caminhão-agência segue para a cidade com especialistas nas áreas de habitação, governo e FGTS para atender as vítimas sobre o saque do fundo de garantia em momentos de calamidade, por exemplo.

Supremo Tribunal Federal

O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), se manifestou nesta quinta dizendo que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) atuará no local para apoiar a população de Petrópolis. “Além do monitoramento de questões jurídicas e institucionais que envolvem a preservação dos direitos fundamentais das comunidades atingidas, será instituído um espaço de recebimento de doações em prol daqueles cidadãos e cidadãs. Maiores informações serão disponibilizadas ainda hoje no sítio eletrônico do Conselho Nacional de Justiça, por seu observatório de direitos humanos. Em nome da nossa Corte do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, manifestamos os nossos sinceros sentimentos às famílias atingidas”, disse Fux.

Fabrizio Listo, doutor em geografia pelo Universidade de São Paulo (USP), lembra que a região é sucetível a essas questões pelo relevo e índice de chuvas: “Claro, a ocupação, da forma como ocorreu, um planejamento ineficiente, propiciou também um aumento da recorrência desses processos. Primeiramente, a reconstrução deve ser uma prioridade, em termo de velocidade, e, em consequência da ocupação já instalada, existem as possibilidades, tanto de medidas que a gente chama de não estruturais, ou seja, o mapeamento de risco, sem se atualizar, mapeamento de geotécnico, existem modelos de previsão que podem indicar onde ocorrem o escorregamentos, tanto quanto as medidas estruturais. Então, a intensificação de obras de contenção, quer sejam muros de arrimo, o controle da hidrologia das encostas, o controle da própria reconstrução dessas casas, a reurbanização das áreas, os mapeamentos participativos”.

*Com informações do repórter Fernando Martins


Fonte: Jovem Pan

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