‘Fui ao consultório aperfeiçoar minha beleza e virei um monstro’, diz paciente enganada por dentista

Em mensagens no WhatsApp, vítima cobra resposta da médica Giselle Gomes, que a bloqueou

Desde 2018, quando decidiu fazer um procedimento estético para suavizar as olheiras, Katarina Aguiar sofre com as consequências de uma enganação. Na ocasião, ela procurou a dentista Giselle Gomes, da mesma cidade que a sua – Campo dos Goytacazes, para preencher a região dos olhos com ácido hialurônico, mas a substância aplicada foi o polimetilmetacrilato – o PMMA. O produto não é proibido, mas não é indicado para tratamentos estéticos. Nas redes sociais, relatos de mulheres enganadas pela dentista se multiplicam e já chegam a mais de 40. “Gostaria de ter voz para gritar por todas, o que Giselle fez foi uma grande covardia. Fui ao consultório dela com a promessa de aperfeiçoar minha beleza, mas virei um monstro”, relatou Katarina Aguiar, uma das pacientes enganadas pela dentista, em entrevista à Jovem Pan nesta segunda-feira, 3. 

“Antes de fazer os procedimentos estéticos, tinha passado por uma depressão profunda, durante um ano fiquei sentada em meu quarto olhando para o nada, completamente desacreditada da vida. Tentei suicídio duas vezes. Procurei Giselle para buscar um refúgio para os meus problemas, queria me reencontrar com a minha alegria de viver. Desde que fiz os preenchimentos, nunca mais fui bonita. Eu tinha um rosto lindo, procurei a dentista para acertar uma profundidade muito leve que eu tinha nas olheiras, mas ela me convenceu a fazer vários procedimentos”, disse a vítima da enganação, que colocou preenchimento na região das olheiras, na boca e no nariz. No Instagram, Giselle Gomes divulgava serviços de remodelação do rosto e corpo, entre eles a harmonização orofacial, botox, bichectomia, fios e até lipoaspiração. Após os relatos de mulheres, o Ministério Público denunciou a dentista por lesão corporal gravíssima, estelionato e exercício ilegal da profissão. A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que investigará a suspeita de deformar os rostos de várias mulheres.

“Na época em que procurei a dentista, eu era muito leiga no assunto. No entanto, refletindo sobre toda a situação, no fundo, eu sabia que algo estava errado desde o começo. Durante todas as aplicações, sentia dores muito fortes, que não passavam nem com a anestesia. Pedia por mais anestesia o tempo todo. Eu continuava porque, naquele momento, a dor era satisfatória. Eu achava que estava nas mãos de uma boa profissional que apenas lapidaria minha beleza. Me prestei a sentir dor porque achei que ficaria bonita”, analisou. Quando se deu conta de que não havia atingido o resultado esperado e poderia ter sofrido um golpe, a mulher procurou a dentista e enviou para uma página dedicada a vítimas de bioplastia um vídeo em que aparece mostrando os caroços formados em seu rosto pelo PMMA.

“A partir do momento em que eu resolvi denunciar nas redes, a dentista dizia que eu estava espalhando notícias falsas e calúnias. Até que outras vítimas foram aparecendo. Eu tenho exames médicos que comprovam que ela não injetou ácido hialurônico, mas sim o PMMA. Hoje eu só saio de casa para fazer o essencial e agradeço que precisamos usar máscaras devido ao coronavírus. Quando as máscaras não forem mais obrigatórias, continuarei usando porque não tenho coragem de entregar meu rosto para qualquer um na rua. O trauma está aqui. Minha aparência está um pouco melhor porque o inchaço diminuiu nestes anos, mas os caroços de PMMA continuam dentro da boca. Quem me olha de frente, consegue ver o caroço na boca e a retenção nas bolsas das olheiras. Sabe por que minha aparência está atenuando com o tempo? Porque o produto está migrando para outras partes do meu corpo – inclusive, estou cheia de caroços embaixo da boca”, concluiu. Diferente do ácido hialurônico, o PMMA é um tipo de plástico usado para implantes definitivos. Por mais que não seja proibida, sua aplicação em bioplastia é delicada, já que pode causar complicações à saúde dos pacientes, como a formação de nódulos, enrijecimento da região, infecção, alergias, dor crônica, rejeição do organismo e até necrose do tecido.


Fonte: Jovem Pan

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